Termo | Definição | |
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Amós |
Glossários: Primeiro Testamento
Metade do VIII a.C. Primeiro dos “Profetas literários” ou “escribas”. Habitante do Reino de Judá, pastor e agricultor de Teqoa, ele recebeu a missão divina de pregar o arrependimento aos habitantes pecadores do Reino do Norte, Israel, sob o reinado de Jeroboão II. Testemunha do abandono provocado por uma forma de religião oca e corrompida e por uma classe dirigente rica e parasitária, Amós admoesta, numerosas vezes, aos sacerdotes e fieis do santuário de Bethel profetizando sua perda inelegível. A eleição do povo de Israel significa responsabilidade e não privilégio: “Só a vós eu conheci, entre todas as famílias da terra; por isso pedirei contas a vós de todas as vossas iniquidades” (3,2). Uma geração antes da queda da Samaria, ele predisse seu terrível destino (Am 3,15; 7,9). Primeiro Profeta a invocar o termo do exílio (galout), Amós anuncia igualmente a triste sorte dos habitantes de Israel (7,17), avisando que era impossível separar a religião verdadeira e sociedade moral e justa: “Detesto, desprezo vossas peregrinações, não posso suportar vossas assembleias, quando me fazeis subir holocaustos; e em vossas oferendas nada há que me agrade; vosso sacrifício de animais cevados, dele viro o rosto; afasta de mim a algazarra de teus cânticos, o toque de tuas harpas, não posso nem o ouvir. Que o direito jorre como água e a justiça seja uma fonte inestancável! ” (Am 5,21-24). O rei constrangido contra esse perturbador da ordem pública o obrigou a sair do reino (7,10-13) e é sem dúvida mais tarde que em Teqoa Amós registra suas profecias no livro que traz o seu nome e que está colocado (desconsiderando a cronologia) no terceiro lugar dos Profetas Menores. Amós foi um grande reformador social tendo um alto conceito de Deus, de humanidade e dos imperativos éticos do Judaísmo. O livro de Amós proclama a existência de um Deus universal que não fechará os olhos sobre as transgressões cometidas pelo seu próprio povo em relação àquelas cometidas pelos outros povos que os tornam culpáveis (capítulos 1 e 2). A prosperidade material conquistada pela exploração do pobre e do indigente não testemunha nem o favor divino nem uma conduta humana possível conforme às regras da religião. A finalidade do ser humano deveria ser “odiar o mal e amar o bem, e de estabelecer o julgamento à Porta” (capítulos 3 – 6). Amós denuncia a hipocrisia religiosa (8,4-6) e insiste sobre a urgência do arrependimento para desviar a catástrofe final (capítulos 7 – 8). O epílogo (capítulo 9) traz a visão de uma idade de ouro que virá segundo a qual serão restauradas a justiça social e “a Casa de Davi que tomba” quando Deus e aquilo que restar de seu povo serão finalmente reconciliados.
Fontes consultadas: Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme – Paris: Bouquins Cerf/Robert Laffont, 1996, p. 60-61. |