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Termo Definição
CANAÃ
Glossários: Primeiro Testamento

Canaã – Terra de

Nome usualmente dado da Terra de Israel desde os tempos dos Patriarcas até à época do Segundo Templo. O nome de Canaã que se encontra mencionado em documentos acadianos e nas cartas de Tell el-Amarna (Egito, século XIV a.C.) e associado na Bíblia aos filhos de Shem (Gn 9,20s). Existem numerosas alusões à terra e seus habitantes “kenaanim” ao longo de todo o Pentateuco, do livro de Josué e de Juízes. A promessa feita por Deus a Abraão e aos seus descendentes de lhes doar “toda a terra de Canaã” é sempre repetida na Bíblia (Gn 17,8; Nm 34,2, Sl 105,11 etc.). No entanto, enquanto região geográfica, Canaã não está claramente definida: aparentemente se considera que o território se estendia sobre uma superfície de 9600 km2, de Dã a Beersheva, e a Oeste do Rio Jordão, mas outros territórios são igualmente incluídos nas fontes (partes do Líbano, da Síria e a Transjordânia). A partir de 2000 a. C., os habitantes de Canaã eram maioritariamente tribos semitas do Oeste (Amorreus, Cananeus e Jebuseus), mesmo se posteriormente, invasores hindo-europeus (Hititas e o “Povo do mar” ou os Filisteus) tenham penetrado na região. “Cananeus” e “Amorreus” são designações sinônimas para a população nativa (1Sm 7,14). A civilização deles era bastante avançada, falando uma língua próxima do hebraico bíblico e prestavam fidelidade ao faraó do Egito na véspera da conquista de Israel sob a direção de Josué. Após a vitória dos Israelitas sobre 31 pequenos soberanos cananeus (cf. Js 12), suas tribos foram integradas àquelas dos vencedores. Mas os vencedores tiveram por séculos que combater as ameaças da idolatria dos cananeus e de suas práticas pagãs.


Fontes consultadas:
Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme – Paris: Bouquins Cerf/Robert Laffont, 1996, p. 166.

Caim
Glossários: Primeiro Testamento

Personagem apresentado no Livro do Gênesis como o primeiro filho de Adão e Eva, o casal arquetípico da espécie humana. Tendo vindo ao mundo, Eva declara: "Eu adquiri um homem, pela graça do SENHOR" (Gn 4,1). – Aproximação do termo "qaniti" do verbo hebraico "qanah" – adquirir, comprar. Os especialistas vêem nesse nome antes, Caim ou Qayin (poderia ser "ferreiro"), uma modulação de Qenan, os Quenitas. Mas mais importante é o que o texto bíblico nos oferece com as imagens e os símbolos, dentro das mais antigas tradições a respeito das origens da humanidade.

Aqui nos é apresentado esse triste herói: Caim, autor do primeiro assassinato, possuído pela inveja, mata seu irmão Abel. Para o autor inspirado apresenta-se a ocasião para ressaltar a reprovação divina diante do fratricídio de todo homem que queira dispor, por própria iniciativa, da vida de outra pessoa. Identificado com a própria vida, o sangue, como a própria vida mesma, pertence unicamente a Deus. Derramado sem o reconhecimento de Deus, o sangue "grita por justiça" e o assassino se torna maldito seja diante do solo onde ele verteu o sangue de outro, até mesmo diante do solo de onde ele tirará a sua sobrevivência segundo a condição importa ao ser humano depois da sua falta original: Caim é afastado do lugar de onde o SENHOR se manifesta e de onde Ele dispensa seus dons através da fertilidade da terra (Gn 4,12-14). Aqui vemos os exilados condenados à vida errante do fugitivo, aparentemente à mercê do vingador do sangue (Gn 4,14) conforme a lei do Talião (Gn 9,6) que era adorada pela maioria das civilizações antigas. Mas justamente o SENHOR parece não querer que o justo castigo do culpado o encurrale no desespero e o livra da cega vingança humana. Quem matar Caim, seria ele mesmo objeto da vingança divina: "sete vezes", ou seja, a mais completa que possa existir, e para que não se ignore essa ordem o SENHOR marca Caim com um "sinal" (Gn 4,15) até que ele se distancie e vá em direção à região de Nod, "aquele dos nômades" a leste do Eden (Gn 4,16).

O autor inspirado desse trecho bíblico nos oferece um ensinamento a todos os homens de todos os tempos. Importa sim a relação do acontecimento com Deus, e não a sua data específica. O autor não está preocupado de forma científica sobre como daquela família de Adão de quatro pessoas surgiu a humanidade inteira. Não é essa a preocupação do autor inspirado. Mas ele apresenta, diante de um mundo já habitado por muitos, o personagem que reflete em como matar seu irmão levando-o a um lugar deserto: "Vamos ao campo"! Terá ele de aprender a encontrar os seus executores sobre os caminhos de seus exílio. Também de nada adiantarão as exegeses sobre quem seria a mulher que Caim conheceu (Gn 4,17ss). Na verdade os primeiros capítulos de Gênesis (Bereshit) querem nos ensinar que a humanidade nasceu de um ato do Criador, e que esta se desenvolveu depois por causa da Sua vontade e sob o Seu olhar. Mas nada querem revelar como uma espécie de "pequena crônica" sobre o Homo Sapiens, isso não interessa à História da Salvação. Caim se revoltando contra Deus e como assassino de Abel é o "homem que segue o caminho mau"[1].


[1] Cf. Gerard, André-Marie. Dictionnaire de la Bible. Paris: Robert Laffont, 1989, p. 175-176.

Beit Midrash
Glossários: Primeiro Testamento

Beit Midrash – Casa de Estudo

Centro de ensinamento religioso, frequentemente incorporado ao prédio ou ao complexo da Sinagoga. O Beit Midrash servia geralmente como o lugar principal de estudo dos textos e dos comentários do Talmud clássicos, e também ali como lugar de oração para aqueles que se encontravam para o estudo. Em razão do da importância suprema do estudo da Torah (Pentateuco), o Beit Midrash é considerando ainda como sendo mais sagrado até do que a sinagoga, sendo até permitido vender uma Sinagoga com o objetivo de adquirir ou de construir um Beit Midrash. Conta-se que o primeiro Beit Midrash foi aquele do filho de Noé, chamado Sem, e de seu filho Éber. O Midrash enumera uma série de personagens bíblicos de que se diz terem estudado num Beit Midrash, ou de quem teria fundado um.

Beit Midrash 2

Um dos primeiros exemplos comprovados foi aquele de Chemayh e Avtalyon, os Sábios de Israel do século I a.C., onde era preciso pagar para ter o direito a entrar e Hillel , que se tornou em seguida um dos maiores Sábios da história Judaica, sobe no telhado para poder escutar os estudos.

Na Idade Média e posteriormente, existia um Beit Midrash em cada cidade, onde podia-se passar todo o dia estudando o Talmud, enquanto outros que trabalhavam para se sustentar podiam ali ir antes ou depois do trabalho durante algumas horas. O Beit Midrash algumas vezes também se encontrava na Sinagoga, que se confundia com ela. Hoje, o Beit Midrash comunitário praticamente cessou de existir, mas algumas Sinagogas mantém seu próprio Beit Midrash. Assim sendo, cada Yeshiva possui um Beit Midrash, onde se concentra o estudo, sendo frequentemente utilizado pelos membros da comunidade que vem ali estudar. Na Alemanha, o Beit Midrash, recebe o nome de Klaus, ou, nas comunidades chassídicas de Shitbl. Nos países muçulmanos, é chamado simplesmente pela palavra Midrash.


Fontes consultadas:
Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme – Paris: Bouquins Cerf/Robert Laffont, 1996, p. 139-140.

ASHREI
Glossários: Primeiro Testamento

ASHREI – “Felizes aqueles que...”

Primeira palavra de um hino para a glória de Deus que serve para a leitura cotidiana do livro dos Salmos no ofício judaico. Esse hino compreende dois versículos que começam justamente com as palavras Ashrei (Sl 84,5 e Sl 144,15), todo o conjunto do Salmo 145, e um versículo da conclusão (Sl 115,18). Especialistas da Bíblia dedicaram muita atenção à estrutura e ao conteúdo do Sl 145, pois este forma um acróstico alfabético omitindo somente a letra noun do alfabeto hebraico. Seus versículos proclamam a grandeza de Deus (vv. 1-6), sua mansidão (vv.7-10), sua majestade (11-13) e sua constante bondade com aqueles que o honram (vv. 14-21); o uso repetido da palavra kol (“todos”) ressalta sua soberania imanente. Um antigo texto do Salmo 145, descoberto entre os manuscritos do Mar Morto, inclui respostas indicando um uso litúrgico que poderia datar da época do Segundo Templo. Esse texto contém também o versículo correspondente à letra “noun” que parece preencher a lacuna já mencionada.

Segundo os rabinos, aquele que recita esse salmo três vezes por dia “tem assegurada a sua vida no mundo futuro” (Ber 4b). Aqui se sugere fortemente que esses dois versículos liminares (Ashrei) existiam antes mesmo do Salmo 145 nos primeiros séculos d.C. O hino é recitado duas vezes durante o ofício matutino judaico, antes do ofício vespertino, antes de neila no dia de Yom Kippour e antes das selihot durante os dias de penitência que começam na vigília de Rosh HaShaná. Em dia de Shabat e nos dias festivos, as primeiras e as últimas linhas são geralmente cantadas segundo uma melodia tradicional.

ASHREI

“Bem-aventurados os que vivem em Tua Casa, pois estarão Te louvando continuamente. Bem-aventurado o povo que assim O tem. Bem-aventurado o povo cujo Deus é o Eterno!”

Hino laudatório de David. Exaltar-Te-ei, Deus meu, ó Rei, e eternamente bendirei o Teu Nome. Bendir-Te-ei todos os dias, e para todo o sempre louvarei o Teu Nome. Grande é o Eterno, e mui digno de ser louvado; e a Sua grandeza é insondável. Uma geração à outra louvará as Tuas obras, e contará os Teus poderosos feitos. Meditarei no glorioso esplendor de Tua Majestade, assim como nos das Tuas maravilhosas obras. E falar-se-á dos Teus temíveis feitos, e eu declararei a Tua grandeza. Relembrarão a Tua imensa bondade, assim como cantarão jubilosamente a Tua justiça. Distribuidor de graças e piedoso é o Eterno para com todos, as Suas piedades estão acima de todas as Suas obras. Louvar-Te-ão, Eterno, todas as Tuas obras, e os Teus devotos Te bendirão. Hão de falar da Tua gloriosa Realeza; e falarão do Teu poder. Para dar a conhecer aos filhos dos homens Seus altos feitos e o glorioso esplendor do Seu Reino. O Teu Reino é um eterno Reino; e o Teu domínio permanece através das gerações. O Eterno reergue a todos os caídos, e eleva a todos os abatidos. Os olhos de todos esperam por Ti, e Tu lhes dás alimento a tempo. Abres a Tua mão e fartas a todo vivente com a Tua mercê. Justo é o Eterno em todos os Seus caminhos e bondoso em todas as Suas obras. O Terno está próximo de todos os que O invocam, daqueles que O invocam com sinceridade. Satisfaz o desejo dos que O veneram, ouve-lhes os seus clamores e os salva. Preserva o Eterno a todos os que O amam, mas a todos os pecadores Ele destruirá. Que a minha boca enuncie o louvor do Eterno, e bendiga toda criatura a Seu Santo Nome, para todo o sempre. “E nós bendiremos ao Eterno, desde agora e para todo o sempre. Louvai ao Eterno! Haleluiá!”.

Caso queira escutar a Oração Ashrei em hebraico acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=29w8qj8EnAE
Com legendas em inglês, outra boa explicação, acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=ix_QHQpd_mQ


Fontes consultadas:
Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme – Paris: Bouquins Cerf/Robert Laffont, 1996, p. 15-16.
FRIDLIN, Jairo. Sidur Completo. São Paulo: Editora Sefer, 1997, p. 396-397.

Anciãos
Glossários: Primeiro Testamento

Hebraico: Zequénim

Na sociedade bíblica, aqueles que conquistaram um estatuto especial de autoridade, em razão da sua idade, da sua sabedoria e da sua posição social. Bem cedo na história de Israel, se reconheceu uma relação da dignidade do Ancião e a posição de Chefe (Ex 3,16). A primeira menção significativa dos Anciãos é feita no Livro dos Números (11,16.24): Deus ordenou a Moisés de reunir 70 homens já conhecidos pelo povo, como Anciãos e magistrados, encarregados de fazer a experiência da Presença Divina, de receber a inspiração e de partilhar a responsabilidade dos mandamentos junto com Moisés. O conceito de Ancião existia não somente no meio do povo de Israel, mas entre seus vizinhos igualmente (Nm 22,7).

A Bíblia se refere igualmente aos “Anciãos da cidade” em relação às cinco leis que aparecem no livro do Deuteronômio: a expiação de um assassinato (Dt 19,12); a redenção do sangue (Dt 21,1-9); o filho rebelde (Dt 21,18-21); a difamação de uma virgem (Dt 22,13-21) e o matrimônio pelo levirato (Dt 25,5-10).

O aparente denominador comum de todas essas leis é a intervenção particular dos Anciãos nos interesses da família, do clã e da comunidade. A função do Ancião é específica, no Deuteronômio, daquela outra função de juiz, que trata, antes, dos casos de litígio e de acusação criminal (cf. por exemplo Dt 17,8s; 19,17-18; 25,1-3).

A Bíblia reconheceu os Anciãos pelo povo inteiro, por homens cuja função comunitária continua mesmo após o estabelecimento da monarquia (2Sm 3,17; 5,3; 17,4.15; 1Rs 20,7). A Mishná (introdução de Avot) afirma que nos tempos bíblicos, os Anciãos (provavelmente do povo inteiro) foram encarregados da continuidade da tradição religiosa após a morte de Josué e esses no final transmitiram essa responsabilidade aos Profetas;

Na época do Talmud, o título de “Ancião” foi identificado com o de erudição. O Talmud declara que o hebraico “zaquen” é um acrônimo de “aquele que adquiriu a sabedoria” (Kidushin 32b). O Talmud discute o caso do zaquen mamreh, o sábio que decidiu ou agiu desafiando a decisão do grande Sinédrio (cf. Dt 17,8.12; Sanhedrin 11,2) e que, em algumas circunstâncias, poderia mesmo sofrer a pena de morte.

Após o período do Talmud, o título de “Ancião” apareceu por vezes como aquele relacionado ao chefe da comunidade e de estudioso. No entanto, a partir do século XIII, ele desapareceu quase completamente. Por outro lado, os antissemitas modernos utilizaram o termo para evocar a imagem dos chefes judaicos idosos, conspirando para obter o controle do planeta, mencionados sobretudo no escrito intitulado os “Protocolos de Sion”, de falsa notoriedade datado do final do século XIX.


Fontes consultadas:
Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme – Paris: Bouquins Cerf/Robert Laffont, 1996, p. 65.

Amós
Glossários: Primeiro Testamento

Metade do VIII a.C.

Primeiro dos “Profetas literários” ou “escribas”. Habitante do Reino de Judá, pastor e agricultor de Teqoa, ele recebeu a missão divina de pregar o arrependimento aos habitantes pecadores do Reino do Norte, Israel, sob o reinado de Jeroboão II. Testemunha do abandono provocado por uma forma de religião oca e corrompida e por uma classe dirigente rica e parasitária, Amós admoesta, numerosas vezes, aos sacerdotes e fieis do santuário de Bethel profetizando sua perda inelegível.

A eleição do povo de Israel significa responsabilidade e não privilégio: “Só a vós eu conheci, entre todas as famílias da terra; por isso pedirei contas a vós de todas as vossas iniquidades” (3,2). Uma geração antes da queda da Samaria, ele predisse seu terrível destino (Am 3,15; 7,9). Primeiro Profeta a invocar o termo do exílio (galout), Amós anuncia igualmente a triste sorte dos habitantes de Israel (7,17), avisando que era impossível separar a religião verdadeira e sociedade moral e justa:

“Detesto, desprezo vossas peregrinações, não posso suportar vossas assembleias, quando me fazeis subir holocaustos; e em vossas oferendas nada há que me agrade; vosso sacrifício de animais cevados, dele viro o rosto; afasta de mim a algazarra de teus cânticos, o toque de tuas harpas, não posso nem o ouvir. Que o direito jorre como água e a justiça seja uma fonte inestancável! ” (Am 5,21-24).

O rei constrangido contra esse perturbador da ordem pública o obrigou a sair do reino (7,10-13) e é sem dúvida mais tarde que em Teqoa Amós registra suas profecias no livro que traz o seu nome e que está colocado (desconsiderando a cronologia) no terceiro lugar dos Profetas Menores.

Amós foi um grande reformador social tendo um alto conceito de Deus, de humanidade e dos imperativos éticos do Judaísmo. O livro de Amós proclama a existência de um Deus universal que não fechará os olhos sobre as transgressões cometidas pelo seu próprio povo em relação àquelas cometidas pelos outros povos que os tornam culpáveis (capítulos 1 e 2). A prosperidade material conquistada pela exploração do pobre e do indigente não testemunha nem o favor divino nem uma conduta humana possível conforme às regras da religião.

A finalidade do ser humano deveria ser “odiar o mal e amar o bem, e de estabelecer o julgamento à Porta” (capítulos 3 – 6). Amós denuncia a hipocrisia religiosa (8,4-6) e insiste sobre a urgência do arrependimento para desviar a catástrofe final (capítulos 7 – 8). O epílogo (capítulo 9) traz a visão de uma idade de ouro que virá segundo a qual serão restauradas a justiça social e “a Casa de Davi que tomba” quando Deus e aquilo que restar de seu povo serão finalmente reconciliados.

O Livro de Amós
1,1 – 2,16 Oráculos contra as nações estrangeiras e contra Israel.
3,1 – 5,17 Repreensões contra Samaria.
5,18 – 6,14 Profecias de infortúnio.
7,1 – 9,6 Visões (gafanhotos, julgamento pelo fogo, cesta de frutas) anunciando a queda.
9,7-15 Esperança e promessa de restauração.

Fontes consultadas: Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme – Paris: Bouquins Cerf/Robert Laffont, 1996, p. 60-61.

Amém
Glossários: Primeiro Testamento

Palavra que significa “em verdade” ou “assim seja”, utilizada para apoiar uma esperança ou um voto, mas também mais especificamente para confirmar uma bênção, um juramento ou uma oração que foi ouvida. A Bíblia Hebraica oferece 14 ocorrências dessa fórmula ( Dt 25,15s; Sl 106,48; etc.);

Na liturgia do Primeiro Templo, Amém não era utilizado como resposta dos fiéis à bênção dos sacerdot4es. Foi durante e após o período do Segundo Templo que essa palavra adquiriu uma importância maior na liturgia sinagogal. Os cristãos (e num número menor, os muçulmanos) tomaram emprestado ao ofício cantado dos Levitas e das orações e bênçãos mais modernas do culto judaico o uso da palavra Amém.

Em alguns textos do Talmud existe o relato de que na imensa sinagoga de Alexandria, a massa dos fieis era tão grande que um “sacristão” devia agitar uma bandeira para indicar quando essa devia dizer Amém (Soukah 51b).

Outra homilia rabínica fez desse vocábulo um acrônimo a partir de El Melekh Neeman (Deus Rei Fiel – Cf. Shabbat 119b). Bastava aos Judeus pecadores como também aos justos não Judeus de dizer Amém somente uma vez para escapar à perdição (Yal, Dt 837).

A regra geral é que se diga Amém diante de todas as bênçãos obrigatórias.

Fonte consultada: Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme. Paris: Bouquins Cerf/Robert Laffont, 1996, p. 53 - 54.

Ageu
Glossários: Primeiro Testamento

Um dos Profetas menores, cujo livro faz parte da seção bíblica dos Profetas, contendo dois capítulos e trinta e oito versículos, e apresenta quatro revelações proféticas inspiradas por Ageu durante o segundo ano do reinado de Dario I, Rei dos Persas, em 520 a.C. O tema de suas profecias é sobre a construção do Segundo Templo. Ageu lamenta a lentidão e a demora dos trabalhos de reconstrução, e promete ao povo que, mesmo que este não seja tão suntuoso como o Primeiro Templo, se igualará um dia em “glória”. Ele faz memória de que o Templo não pode conferir a santidade a um povo que comete ações impuras. A profecia final prevê a destruição do império Persa numa guerra civil.

Segundo a tradição rabínica, Ageu e o primeiro dos três profetas que exerceram seu ministério na época de Esdras. Quando todos os três desapareceram, “o Espírito divino se retirou de Israel” (Tratado Yoma 9b). O Talmud atribui muitas leis a Ageu (cf. Yev 16a, Qid 43a, RH 9a). Os rabinos afirmam que o livro de Ageu foi compilado pelos membros da Grande Assembleia (BB 15a).

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O livro do Profeta Ageu

1,1 - 1,11     Exortação para reconstruir o Templo
1,12 - 1,15   Narração histórica referente aos inícios dos trabalhos
2,1 - 2,9       Encorajamento dirigido aos pedreiros
2,10 - 2,19   Promessas de prosperidade
2,20 - 2,23   Oráculo messiânico dirigido a Zorobabel

Agar
Glossários: Primeiro Testamento

No Livro de Gênesis, Agar é a serva egípcia de Sarai ou Sara, esposa de Abrão ou Abraão. Sara já envelhecida pelos anos, acreditando ser estéril, oferece ao leito de seu esposo sua serva com o objetivo de assegurar para ela uma descendência a Abraão. Agar concebe um filho: Ismael. Mas será a própria Sarah quem mais tarde, por favor divino, acaba apesar da idade a conceber também um filho: Isaac. Surge um conflito entre as duas mães, orgulhosas dos filhos que deram ao Patriarca Abraão e Sarah procurou de todos os modos salvaguardar para o próprio filho a exclusividade dos privilégios do filho legítimo.

Encontramos aqui dois documentos que refletem tradições diferentes sobre o mesmo assunto, que parecem ter sido integrados à história de Abraão e harmonizados pelos redatores do texto definitivo. De onde lemos portanto, as duas "saídas" de Agar para o deserto, que poderia ter sido uma somente.

Na primeira narrativa bíblica (Gn 16,4-14), Agar humilhada por Sarah, foge para o deserto quando ainda estava grávida, mas volta se submete à Sarah depois de ter recebido do Anjo do SENHOR a promessa que seu filho seria o ramo de uma numerosa descendência. Na segunda narrativa (Gn 21,9-20) ela é despedida por Abraão que a expulsa, a ela e ao seu filho, não sem desaprovação, ao pedido formal de Sarah e após ter recebido do alto a certeza de que de Ismael também sairia uma "grande nação".

Tendo Agar vagado pelo deserto de Bersabéia, por fim vencida pela sede e cansaço, se desespera. Mas o Anjo do SENHOR a reconforta pela mesma promessa assegurada a Ismael. Ele descobre uma fonte de água, ali seu filho ganha forças e ela também. É a fonte da "visão de Deus". Segunda as tradições de Israel, Agar se tornou pelo seu filho Ismael, a ancestral das doze tribos do deserto da Arábia (Cf. Gn 25, 12-16).

O Apóstolo Paulo, na sua carta aos Gálatas cita Agar aludindo à antiga Aliança e Sarah símbolo da Aliança nova (Cf. Gl 4,21-31).

ADON OLAM
Glossários: Primeiro Testamento

ADON OLAM – Mestre do Universo

Primeiras palavras de um hino litúrgico popular. O autor é anônimo, mas se admite também que que Adon Olam tenha sido escrito pelo poeta do século XI, Salomão Ibn Gabirol. Este hino é um dos mais popular e sua técnica é monorimada. Ele expressa a fé em Deus, o Criador único e eterno do ser humano, seu Guardião e Redentor. Os Askenazim de rito alemão por primeiro assumiram esse hino Adon Olam como parte da sua liturgia quotidiana no século XIV, mas seu caráter universal aconteceu nos ritos de oração das comunidades judaicas através do mundo. Ele aparece muitas vezes no livro das orações tradicionais; logo no início do serviço da manhã, no final do ofício suplementar de Shabat e das festas onde ele é habitualmente cantado pela assembleia, e também no final das orações noturnas antes de dormir.
Caso queira escutar a música na voz da cantora Fortuna acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=f5cdoq8on1w

 Adon Olam

Ele é o Senhor do Universo, sobre o qual reinou antes mesmo de toda criatura ser criada.
No momento em que fez tudo, conforme o Seu desejo, então foi proclamado Rei Altíssimo.
E depois de tudo acabado, só o Temido reinará.
Ele esteve, está e estará em Glória.
Ele é Único e não há segundo que possa ser comparado e juntado a Ele.
Sem princípio e sem fim, a Ele pertence a força e o domínio.
Ele é meu Deus e o meu vivo Redentor.
Rocha (Forte) para me ajudar em minhas dores e no dia da minha angústia.
Ele é meu estandarte e o meu refúgio, partilha do meu cálice no dia em que O invocar.
Confiarei o meu espírito em Suas mãos no momento de cair no sono, e de novo despertarei.
E o meu espírito, meu corpo, também Lhe entrego.
O Eterno está comigo e assim nada receio.

 

Fontes consultadas:
Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme – Paris: Bouquins Cerf/Robert Laffont, 1996, p. 22-23.
FRIDLIN, Jairo. Sidur Completo. São Paulo: Editora Sefer, 1997, p. 23

Abraão
Glossários: Primeiro Testamento

Pai do povo judeu, primeiro dos três Patriarcas, filho de Taré. Assim enumera o Livro do Gênesis, contando entre Adão e Noé, dez gerações, e dez ainda outras gerações se passaram de Noé até Abraão, Segundo a tradição judaica, ele nasceu em 1948 anos após a criação (= 1812 a.C.). No início seu nome era Abrão (isto é, “o pai exaltado”) mas depois foi chamado Abraão, o que a Bíblia explica como sendo “pai de uma multidão de nações” (Gn 17,5). Seu pai vivia originalmente numa cidade da Mesopotâmia do Sul, Ur na Caldéia, mas imigrou para Harã no noroeste da terra (Gn 11,31). Após a morte de Taré, Deus ordenou a Abraão, então na idade de 75 anos, para imigrar com sua família e sua esposa Sarah “em direção à terra que eu te mostrarei”, isto quer dizer, Canaã. Deus se comprometeu com ele: “Eu farei de ti uma grande nação” o que é igual a uma bênção para todas as famílias da terra (Gn 12,1-2).

Toda a vida de Abraão passou por boa parte de migrações. Após um período em Canaã, o clã foi obrigado a fugir por causa da fome e se estabelecer no Egito. Eles retornaram depois para Canaã, mas uma disputa ocorreu entre os pastores de seu sobrinho Ló e houve uma divisão; Abraão foi se instalar perto de Hebron, e Ló, perto do Mar Morto. Quando Ló foi capturado por invasores, Abraão veio em seu socorro. Apesar desse episódio um pouco guerreiro, Abraão é descrito como um pai pacífico. A promessa divina do dom da Terra Santa à Abraão é renovada então por uma cerimônia de aliança (Gn 15,7-21). Ele recebeu também a ordem de se circuncidar como sinal de aliança entre ele e Deus, envolvendo dessa forma toda a sua descendência dos seus filhos homens.

Quando Abraão tinha 80 anos, Sarah, estéril, lhe oferece a serva Hagar por concubina e Ismael nasce dessa união. Mas este não foi considerado como herdeiro completo. Deus anunciou depois a Abraão que ele teria um filho de Sarah. Ela deu à luz Isaac, que deveria suceder materialmente e espiritualmente a Abraão, ela então com 90 anos e Abraão com 100 anos. Depois que o menino cresceu, Deus infligiu a Abraão a prova suprema, pedindo-lhe para sacrificar Isaac em holocausto sobre o Monte Moriah (Gn 22,1-2). Abraão estava pronto a cumprir obedecendo a Deus, quando no último instante um anjo veio lhe impedir o sacrifício (Aqedah). Abraão morreu com 175 anos. Foi enterrado por seus dois filhos numa gruta de Macpelah em Hebron, que ele tinha antes adquirido para ali enterrar Sarah.

A Aggadah contém numerosas narrativas sobre Abraão. Ele é considerado como o pai do monoteísmo, por ser a primeira pessoa a reconhecer a existência do Deus único por sua própria razão. Uma vez convencido da verdade da fé, Abraão destrói todos os ídolos confeccionados por seu pai, que era pagão. Afim de eliminar essa revolta aberta contra a ordem estabelecida, Nimrod, o soberano da Mesopotâmia, jogou Abraão numa fornalha, de onde ele saiu ileso. A tradição judaica apresenta Abraão como sendo a encarnação da hospitalidade e da hesed, do amor para com os outros. Segundo a tradição, foi ele quem instituiu o Ofício da Manhã.

Abluções
Glossários: Primeiro Testamento

"Farás uma bacia de bronze, com suporte de bronze, para as abluções. Colocarás a bacia entre a Tenda do Encontro e o altar, e a encherás de água" (Ex 30,18; Cf. Ex 40,30)
"Quem se lava depois de tocar um morto e novamente o toca: de que lhe aproveitou a ablução?" (Eclo 34,30).
"Naquele dia estará à disposição da Casa de Davi e dos cidadãos de Jerusalém uma fonte para lavar os pecados e a impureza" (Zc 13,1)
A Ablução é um rito de purificação que pode ser de imersão de todo o corpo (Tevilah) ou da aspersão de água sobre as mãos (netilat yadayim). Em Lv 11,36 fala-se até de uma imersão total numa fonte natural, um rio ou numa cisterna ou depósito de água, que permanecem puros, num miqveh (banho ritual). A ablução nesses lugares tinha a finalidade de purificar sejam as pessoas ou os objetos que tinham se tornado impuros pelo contato direto ou indireto com diversas fontes de impureza (menstruação, secreção do sêmen, doenças contagiosas, lepra ou mesmo contato com um cadáver humano ou de um animal). Essa ablução também devia ser feita por todos aqueles que prestavam serviço no Templo, pois havia a necessidade da pureza ritual.
As abluções das mãos, presentes no judaísmo ainda hoje, revelam sempre um esforço da pessoa, que deve fazê-las como, por exemplo, lavar as mãos antes de deixar um cemitério, após cortar as unhas ou retirar os calçados, antes da oração e antes da ação de graças após a refeição e no Seder de Páscoa antes do consumo das ervas amargas (Karpass) – que remonta à purificação na época do Templo. Algumas sinagogas tradicionais oferecem sempre um lavabo para esses fins rituais.
Para continuar a reflexão do tema propomos conferir as seguintes citações bíblicas:
Primeiro Testamento (AT): Ex 30,20-21; Lv 11,25.40; 13,54; 14,47; 15,5-27; 16,26-28; 22,6.
No Novo Testamento confira as citações: Mt 15,20; Mc 7,4; Jo 9,7.15; Jo 13.