ABRAÃO

Lech lecha

Levítico Rabbá sobre Lv 1,1. Par.1, § 5 (Texto 42).

Tu vês que na hora em que o Santo, bendito seja Ele!, se revelou a Moisés do meio da sarça, este escondeu dele a sua face, como está dito (Ex 3,6): E Moisés escondeu a sua face, pois temia fixar seu olhar sobre Deus. O Santo, bendito seja Ele!, lhe disse (Ex 3,10): E agora vá (lekhah)! Eu te envio ao Faraó. Rabi Eleazar disse: “Há um h no fim da palavra “vá” (lekhah) para te dizer que se tu não os redimes, não haverá outro que os redimirá.

 

LABUTAS DE FÉ – LEKH LEKHA – Avivah Gottlieb Zornberg – The Beginning of Desire – Reflections on Genesis. New York: Schocken, 2011, p. 72 – 96

O ponto de partida

A história de Abraão é igualmente início e fim. Aqui começa o drama da família nação central da Torah; aqui termina a pré-história, o áspero projeto da intenção de Deus, em tal ensaio da criação acabou tendo como fim o exílio (Adão conduzido para fora do Jardim), o segundo ensaio terminou em destruição (o Dilúvio).

A mais importante fase da vida de Abraão é introduzida pelo mandamento de Deus: “Vai em frente, saia da sua terra, do seu local de nascimento, e da casa de seu pai para a terra que eu vou lhe mostrar” (Gn 12,1). Não existe indicação alguma da circunstância, de encontro anterior. Somente um curto prefácio, no qual o contexto da família é indicado. Cf. Gn 11,26-31.

Ao invés daquela longa descrição das gerações do capítulo 11 – “Estes são os descendentes de Sem...” (11,10), nos é colocado uma ausência central da vida de Abraão: “Sarai era estéril e não tinha filhos” (11,30). Toledot, a palavra transcrita aqui é “descendência” e mais comumente ainda citada como “gerações”. Essa palavra é usada como poder geração, de múltiplos nascimentos, de consequências percebidas das potencialidades inerentes a cada vida. E, ironicamente, é a sua raiz (vlad) que é usada para referir-se à falta de filhos de Sarai: é precisamente isso que ela não tem: o vlad que é a conotação mais simples para expressão o eu que vai além do eu, uma essência projetada em direção da eternidade.

“Ela não tem filho” – ein la vlad – as três pungentes palavras em Hebraico são carregadas de ironia. Pois este importante casal é marcado por um vazio, enquanto as moribundas gerações se reproduzem sem esforço. A Torah decreta aquilo que Bergson chama de “peculiar possibilidade de negação”.

A ação humana de Abrão e Sarai começa nesta ausência.

Passeios de Abrão

Aqui começa a jornada de Lekh Lekha (12,1) – nessa estranha ordem de abandonos – primeiro a terra, depois a comunidade, novamente a mesma raiz – vlad: Deixa o que te produziu como uma possível realização de seu potencial. E finalmente, deixa a casa paterna. Pela primeira vez, uma viagem é empreendida não como um ato de exílio ou de diminuição (Adão, Caim e a geração dispersada de Babel), mas como uma resposta ao imperativo divino que articula e enfatiza o deslocamento como sua crucial experiência.

Mas o que mais impressiona aqui é a indeterminação da viagem. O que foi deixado, cancelado, é definido claramente no mapa do ser de Abrão; mas o seu destino é meramente “a terra que eu irei mostrar a você!”: da “sua terra”, a paisagem da sua básica auto-consciência, para um lugar que você somente irá conhecer quando a luz cair sobre ele.

Existe uma discussão nos comentários sobre o quanto Abraão tinha conhecimento do destino dessa jornada ou não.

“Desde quando Deus me fez emigrar – vaguear – da casa de meu pai” (Gn 20,13). Pluralidade de locais, modos existenciais de ser, falta de conexão coerente num universo não mapeado.

Um Midrash chamado Tanhuma expõe essa visão sobre a primeira experiência de Abrão: “ Existe algum homem que viaje sem saber qual o local (makom) do seu destino?

Uma jornada sem aparente destino: seria o absurdo a cada passo. O Midrash nos apresenta vozes zombeteiras que teciam através da consciência de Abrão enquanto ele viajava: “Olhe aquele velho homem! Viajando através da terra, parecendo um louco! (Tanhuma Lekh Lekha 3)

3 – Lech Lecha – Seleções de Midrash a partir do texto bíblico: Bereshit (Gênesis) 12,1-17,27

 

Deus ordena a Abraão para viajar para Terra de Canaã

Enquanto Abraão e sua mulher Sara moraram em Harã, ensinaram aos outros sobre Deus. Abraão educou os homens, e Sara as mulheres, para acreditarem no único Deus que criou o Céu e a Terra.

Deus viu que não havia nenhum justo igual a Abraão. Por isso Ele decidiu fazer de Abraão o pai de uma nação sagrada, o povo de Israel.

Ele disse para Abraão, "Não é correto para você viver nesta terra ímpia, junto com seu pai e sua família que veneram ídolos. Saia daí e vá para a terra que Eu vou lhe mostrar”.

Por que Deus não contou a Abraão o nome da terra para a qual Ele queria que Abraão fosse - Canaã (que é um outro nome para a Terra de Israel)?

Deus estava testando Abraão. Será que ele ouviria Deus e iria para um lugar que nem sequer conhecia?

Deus também não queria que o pai de Abraão, Taré, fosse junto com ele.

Taré poderia estar interessado em se estabelecer na Terra de Israel junto com o filho. Mas como Abraão não sabia para onde estava se dirigindo, disse a seu pai: "Deus pode me ordenar viajar até o fim do mundo!". Quando Taré ouviu isso, preferiu ficar em Harã.

Abraão disse a sua mulher, Sara, "Não vamos nos atrasar nem um dia. Partiremos imediatamente”.

Abraão levou junto seu sobrinho Ló, irmão de Sara, que era órfão, e tinha sido criado por eles. Muitas das pessoas a quem Abraão e Sara tinham ensinado a acreditar em Deus também decidiram acompanhá-los em sua jornada. Deus enviou nuvens na frente de Abraão e sua família para lhes indicar o caminho pelo qual Ele queria que seguissem.

Abraão viaja de Canaã até o Egito

Pouco depois que Abraão, Sara e sua família chegaram a Canaã, a chuva parou de cair. As plantas deixaram de crescer. Logo não havia mais frutas, vegetais, nem grãos. As pessoas ficaram cada vez mais famintas. Deus provocou essa situação para submeter Abraão a um novo teste.

Será que ele agora iria se queixar: "Não é justo! Primeiro Deus me mandou para Canaã e agora não tenho nada para comer aqui!"?

Mas Abraão nunca se queixou. Estava convencido de que tudo que Deus faz tem uma boa razão.

Abraão disse para Sara, "Vamos para o Egito. O Egito possui muita comida. Mesmo que não chova, o rio Nilo irriga a terra". Mas alguma coisa estava incomodando Abraão. Ele disse, "Não me sinto bem em ir ao Egito. Geralmente, nós é que convidamos as pessoas para casa, e lhes oferecemos uma refeição. Quando querem nos agradecer explicamos que é Deus quem alimenta a todos. Assim transmitimos ensinamentos às pessoas. Mas o Egito é um país muito rico. As pessoas não necessitarão da nossa comida. Tenho medo de que não vamos poder ensinar a outros sobre Deus”. Contudo, Abraão não tinha outra escolha a não ser ir para o Egito.

Quando Abraão, Sara e Ló se aproximaram da fronteira do Egito, Abraão disse: "Os egípcios são pessoas perversas. Quando vêem uma mulher casada bonita, matam o marido e ficam com a mulher.

"Sara, por favor, diga a todos que você é minha irmã. Então não me matarão. Isso não é uma mentira, porque você é neta do meu pai e uma neta é considerada uma filha”.

Como precaução adicional, Abraão escondeu Sara numa caixa grande. Esperava que ela não fosse descoberta.

Mas os oficiais reais da alfândega abriram a caixa e acharam Sara. Mandaram a seguinte mensagem ao Rei Faraó. "Chegou aqui uma mulher bonita junto com o irmão”.

Faraó mandou seus soldados para trazer Sara para sua corte. Faraó disse para Sara: "Você tem que se tornar minha mulher”. Ao "irmão" de Sara, Abraão, Faraó deu muitos presentes para que ele concordasse que Faraó ficasse com Sara. Sara disse para Faraó, "Sou uma mulher casada! Você não pode me segurar no palácio. Devolva-me para Abraão”. Mas Faraó não lhe deu ouvidos.

Sara estava amedrontada e rezou a Deus para que a ajudasse. Deus mandou um anjo para cuidar de Sara e protegê-la. Cada vez que Sara ordenava ao anjo: "Golpeie Faraó", o anjo castigava Faraó.

Faraó foi atacado com dez pragas diferentes. Deus também puniu a família de Faraó com pragas. (Da mesma forma, Deus puniria mais tarde o Faraó que afligiu os israelitas com dez pragas.)

Faraó sofreu terrivelmente com as pragas. Percebeu, então que Sara era uma mulher muito justa e íntegra, que estava sob a proteção de Deus.

Enviou uma mensagem para Abraão: "É tudo culpa sua! Porque não me disseste que esta mulher é casada com você? Agora a pegue e deixe este país imediatamente, antes que outra pessoa tente fazer-lhe mal”.

Faraó estava tão assombrado pela grandeza de Abraão e Sara que mandou com eles, sua filha, a princesa Hagar, para servir Sara e aprender o seu modo de vida.

Faraó deu para Abraão e Sara presentes valiosos. Mandou também soldados para acompanhá-los de volta à fronteira do Egito.

Isso era inédito! Os egípcios mal podiam acreditar. O seu rei efetivamente havia libertado uma mulher que queria para si e não matou o marido! Isso nunca tinha acontecido antes. Agora todos compreenderam que Abraão era um grande justo e Sara uma mulher justa. Deus os protegeu. Ninguém, nem mesmo um rei podia fazer-lhes mal.

Deus fez com que todo esse episódio ocorresse para que Abraão e Sara ficassem famosos como amigos especiais de Deus.

A viagem de Abraão e Sara ao Egito também fez com que Hagar se unisse a eles.

Abraão se separa de Ló


Abraão era um homem muito rico porque Deus o abençoou. Tinha muitos bois e ovelhas, ouro e prata.

O sobrinho de Abraão, Ló, que viajou com ele, também tinha grandes riquezas, não porque fosse um justo, mas porque estava junto com o justo Abraão.

Então surgiu uma briga entre os pastores de Abraão e os pastores de Ló. Abraão costumava ordenar a seus pastores, "Nunca deixem meus animais entrar nos campos de outros. Se meus animais pastarem nesses campos, estarei roubando o pasto de outras pessoas. Mesmo que Deus tenha prometido que toda Terra de Canaã pertencerá um dia aos meus filhos, ainda não é minha”.

Os pastores de Abraão punham focinheiras nos animais cada vez que passavam diante dos campos que não lhe pertenciam. Ordenaram aos pastores de Ló que fizessem o mesmo. Mas estes não puseram focinheiras nos seus animais. Afirmavam, "Em breve, a terra vai pertencer a Ló, visto que Abraão não tem filho”. E assim eles permitiam que os animais de Ló comessem nos campos de outras pessoas. Os pastores de Abraão insistiam em argumentar com eles que estavam errados, e os pastores de Ló, por sua vez, os contradiziam.

Abraão disse a Ló, "Não é bom que briguemos. As pessoas vão dizer, 'Abraão e Ló são parentes e não vivem em paz’. Por isso é melhor nos separarmos. Você pode escolher se quer se estabelecer ao sul ou ao norte da terra. Se você for para o norte, irei para o sul, e se você for para o sul, irei para o norte. Não precisa se preocupar de que estarei muito longe para ajudar, se precisar de mim. Vou estar perto o suficiente para vir em seu auxílio”.

Ló decidiu se estabelecer na cidade de Sodoma. Sodoma e as quatro cidades vizinhas estavam localizadas às margens de rios; seu solo estava por isso bem irrigado. E havia ali ótimas terras de pasto para o gado de Ló.

A decisão de Ló foi um erro, porque os habitantes de Sodoma eram os piores de toda Terra de Canaã. Eram ladrões e assassinos. Naqueles tempos, o pior insulto que você podia fazer a alguém era chamá-lo de sodomita!

Ló cometeu dois erros:

  1. 1. Separou-se do justo Abraão.
  2. 2. Estabeleceu-se entre perversos.

Ló deixou de ver o mau caráter dos sodomitas porque esperava enriquecer em Sodoma. Mas no final ele saiu arruinado, como veremos na próxima porção da Torah.

O que podemos aprender de Ló?

Os Sábios de Israel nos dizem: (Ética dos Pais 1:7) "Afaste-se de um mau vizinho e não se associe com um perverso". Somos aconselhados a nos unir a amigos que nos incentivam a ser bons e praticar o bem. E precisamos nos afastar daqueles que nos influenciam a agir erradamente.

Abraão vence uma guerra contra quatro reis

Era a época de Páscoa e Abraão estava ocupado assando pães. (Apesar da Torah ter sido dada só depois da época de Abraão, ele mantinha todos os preceitos da Torah). De repente ele viu um gigante aproximando-se de sua tenda.

Era Og, o único gigante que ainda estava vivo desde antes do dilúvio.

Og contou a Abraão: "Venho direto do campo de batalha. Deixe-me relatar o que aconteceu. O rei de Sodoma e outros quatro reis se revoltaram contra o poderoso Rei Codorlaomor, depois de o terem servido por doze anos. Codorlaomor chamou outros três reis para ajudá-lo na guerra contra os cinco reis rebeldes. Codorlaomor e seus três aliados ganharam a guerra. Capturaram todo o povo de Sodoma como prisioneiros e o seu sobrinho Ló se encontra entre eles. Em seguida, Codorlaomor e suas tropas marcharam para o norte”.

O gigante Og pensou, "Quero que Abraão tente salvar seu sobrinho Ló dos quatro reis. Os quatro reis certamente vão matar Abraão na batalha. Então pegarei para mim sua mulher, Sara”.

Abraão pensou, "Ló está em apuros. Vou preparar uma enorme soma de dinheiro. Talvez eu possa resgatá-lo. Se não, lutarei para libertá-lo”.

Abraão reuniu seus alunos e servos. Juntos eram trezentos e dezoito pessoas.

Ele anunciou, "Estou indo para ajudar Ló, que está em cativeiro. Quem não tem medo, que me siga”.

Abraão tinha três alunos que eram príncipes emoritas - Aner, Escol e Mambré. Eles se ofereceram, "Nós vamos proteger seus bens enquanto você está fora”.

Os quatro reis já tinham viajado para o norte, até a Síria, mas Deus milagrosamente encurtou o caminho para Abraão e seus homens.

O exército de Codorlaomor era imenso, milhares e milhares de soldados. Abraão não se atreveria a atacá-los, mas quando olhou para cima, viu a Shechiná (Presença da Divindade) e as Hostes Celestiais ao seu lado, pronto para ajudá-lo.

Com a ajuda de Deus, Abraão, seu servo Eliezer e o restante de seus homens, obtiveram uma vitória milagrosa sobre os quatro poderosos reis e seus exércitos.

Abraão libertou Ló e todos os prisioneiros.

Entre os reis inimigos a quem Abraão matou estava também Nimrod, que tinha jogado Abraão no forno.

Sem, também chamado Malki Tsêdec, dá as boas vindas a Abraão. Abraão se recusa a pegar qualquer objeto dos despojos da guerra

O filho de Noé, Sem, ainda vivia. Era um justo que sempre serviu a Deus. Ele se mudou para Jerusalém e lá, regularmente, oferecia sacrifícios a Deus.

Era conhecido como "Malki Tsêdec" (Melquisedeque), que quer dizer "rei justo" e também quer dizer "rei da cidade da justiça”.

Melquisedeque ficou sabendo a respeito da milagrosa vitória de Abraão sobre os quatro reis. E quando Abraão voltava da guerra e se aproximava de Jerusalém, Melquisedeque saiu para receber Abraão e louvar a Deus. Trazia consigo pão e vinho para alimentar os homens cansados e famintos.

O rei de Sodoma também saiu ao encontro de Abraão. Disse para Abraão, "Todo nosso dinheiro que você recuperou dos inimigos pertence a você. Por favor, devolva-me apenas os prisioneiros que você libertou!"

Abraão ergueu sua mão para Deus e exclamou, "Juro que não tocarei em nenhuma parte do despojo desta guerra! Deus prometeu me abençoar com riquezas e já cumpriu Sua promessa. Possuo muito gado, ouro e prata. Se eu pegar seu dinheiro, você pensará "Eu enriqueci Abraão”. Um décimo do dinheiro dei para Melquisedeque que é o sacerdote de Deus.

Outro décimo darei aos homens que me ajudaram e também para Aner, Escol e Mambré, que cuidaram dos meus pertences. Para mim não quero nada dos seus haveres, nem mesmo um fio ou cordão de sapato”.

O Midrash explica: Deus recompensa Abraão

Deus disse, "Abraão, todos os despojos da guerra na verdade pertenciam a você. Mas você está satisfeito com o que já tem. Hei de recompensá-lo. Você disse, "Não quero nada nem um fio ou um cordão de sapato”. Como recompensa, darei aos seus descendentes o preceito de tsitsit (franja), que tem quatro [duplos] fios em cada canto. Por suas palavras, "Nem um cordão de sapato", vou recompensá-los com o preceito de chalitsá, pela qual a mulher tem que abrir o cordão do sapato do seu cunhado”.

Vemos que Abraão não perdeu nada quando recusou o dinheiro que o rei de Sodoma lhe ofereceu. Deus recompensou seus descendentes com dois preceitos. Além disso, mais tarde, Deus conferiu a Abraão grandes bênçãos.

Deus promete a Abraão descendentes tão numerosos quanto as estrelas

Depois de ganhar a guerra contra os quatro reis, Abraão estava preocupado, "Talvez os amigos desses poderosos reis vão se unir contra mim e me atacar".

Mas Deus lhe assegurou, "Abraão, mesmo que todos seus inimigos se unam contra você, Eu irei protegê-lo”.

Abraão também se preocupou pelo seguinte, "Talvez já tenha usado toda a recompensa que me estava reservada para o mundo vindouro, porque Deus realizou para mim milagres tão grandes”.

Deus lhe assegurou, "Ainda tens uma grande recompensa no mundo futuro”.

Abraão então rezou, "Deus, foste tão bondoso em fazer milagres para mim durante a guerra. Sei que me reservaste ainda mais bênçãos. Mas, para que me servem? Não tenho um filho que possa continuar a ensinar as pessoas sobre Ti depois que eu morrer. Em vez disso, meu servo Eliezer ficará como líder”.

"Não temas", Deus consolou a Abraão. "Terás um filho”.

Deus conduziu Abraão para fora da tenda.

"Olhe para o firmamento," ordenou Ele.

Abraão viu uma grande estrela brilhar no firmamento.

"Esta estrela representa você," disse-lhe Deus. "Você é como uma grande estrela que ilumina o mundo. Agora olhe de novo!"

Abraão viu duas estrelas. "Estas duas estrelas são você e seu filho," disse-lhe Deus.

Então Abraão viu aparecer três estrelas. "Elas representam você, seu filho e seu neto," disse Deus.

Quando Abraão olhou de novo para o firmamento, havia lá doze estrelas.

"Haverá doze tribos," explicou-lhe Deus.

De repente havia setenta estrelas. "Você terá setenta descendentes indo para o Egito," predisse Deus. Logo, todo o firmamento se cobriu de estrelas de um extremo ao outro.

"Tão numerosos serão os seus descendentes!" Prometeu Deus para Abraão. "Serão demais para poder contar”.

Deus promete a Abraão que seus filhos herdarão Canaã

Deus também prometeu a Abraão, "Seus filhos herdarão a Terra de Canaã (Terra de Israel)!"

"Por favor Deus," pediu Abraão, "Dê-me um sinal de que isto se concretizará realmente".

Deus respondeu, "Farei um acordo contigo como sinal”.

Naqueles tempos as pessoas selavam um pacto, cortando animais em pedaços e andando entre eles. (Esse era uma maneira de dizer, "Se eu não cumprir a minha parte do acordo, mereço ser cortado em pedaços como estes animais”.)

Deus ordenou a Abraão, "Pegue três bezerros, três cabras, três carneiros, um pombo e uma pomba”. Abraão assim o fez. Então ele cortou os animais em dois, exceto os pássaros que Deus lhe disse para não cortar.

Abraão arrumou os pedaços em duas filas. Quando eles foram estendidos, poderosas aves de rapina se precipitaram do céu para baixo para devorá-los.

Abraão os enxotou.

Esse foi um sinal: No futuro, os idólatras - que são comparados a aves de rapina - tentarão destruir os descendentes de Abraão, o povo judeu. Mas Deus salvará os judeus pelo mérito de seu antepassado Abraão.

Então Deus fez Abraão cair num sono profundo e lhe mandou um sonho profético.

Abraão sentiu um grande temor e uma escuridão o envolveu. Isso era um sinal de que os seus descendentes, os judeus, passariam por dificuldades.

Deus predisse a Abraão, "Saiba que os seus descendentes não virão para Terra de Israel imediatamente. Primeiro, vou exilá-los em terras estranhas por muitos anos. Tornar-se-ão escravos [no Egito] e serão afligidos. Então, castigarei aqueles que os oprimiram [Deus aludiu às muitas pragas que mandaria contra o Egito], e os judeus partirão com uma grande fortuna. Finalmente, voltarão a Canaã. Expulsarão de Canaã as nações que ali viviam e herdarão a terra”.

Enquanto Abraão sonhava tudo isso, o sol se pôs. Deus fez descer uma espessa escuridão. Abraão viu um forno fumegante e uma chama ardente passar entre os pedaços dos animais. O forno fumegante e a chama ardente eram os mensageiros de Deus.

Quando eles passaram entre os pedaços era como se Deus, Ele Mesmo, estivesse andando entre eles e, desta maneira, selava um acordo com Abraão.

O forno fumegante também era um sinal de que todas as nações que fossem afligir os judeus seriam atiradas por Deus em um forno ardente no Guehinom (inferno).

Assim, Deus fez um pacto com Abraão prometendo-lhe que seus filhos herdariam a Terra de Israel. Esse acordo é conhecido como o Acordo entre os Pedaços (dos animais).

Abraão casa com Hagar que dá à luz Ismael

Sara não teve filhos em todos os anos do seu casamento com Abraão. Ela disse, então, para Abraão, "Case com minha criada Hagar. Talvez Deus tenha piedade de mim porque deixei você casar com outra mulher, e então Ele me dará um filho”.

Hagar não foi sempre uma serva. Ela era, na verdade, uma princesa egípcia. Mas quando seu pai Faraó viu os grandes milagres que Deus realizou para Abraão e Sara, disse: "É melhor para minha filha ser uma serva desses grandes justos que ser princesa no Egito”.

Quando Hagar servia a Sara, esta lhe ensinou como servir a Deus.

Abraão sabia que Sara falou com inspiração Divina. Respondeu-lhe, "Vou te ouvir e casar com Hagar”.

Depois que Hagar casou com Abraão e esperava um filho dele, ficou orgulhosa. Quando Hagar falava com os outros, insultava Sara zombando dela, "Sara não é na realidade uma mulher justa! Se assim fosse, porque Deus não lhe deu filhos?"

Sara puniu Hagar por palavras tão arrogantes. Fez Hagar trabalhar pesado.

Por isso Hagar fugiu para longe de Sara, em direção ao deserto. Mas Deus mandou um anjo para ordenar a Hagar, "Volte para Sara e a obedeça! Deus ouviu que você está infeliz e vai lhe dar um filho. Chame-o Ismael. Ele vai ser um homem selvagem que viverá no deserto, e será o pai de uma grande nação”.

Hagar agradeceu a Deus, "Abençoado Sejas, Deus, que viu minha desventura”. E voltou para a tenda de Abraão. Ela deu à luz um filho, a quem Abraão chamou Ismael. Ele se tornou o antepassado de todas as nações árabes.

Deus ordena Abraão sobre a circuncisão

Quando Abrão tinha noventa e nove anos, Deus lhe disse, "Abrão, Eu quero que você tenha uma circuncisão, isso vai ser um sinal no seu corpo de que você Me serve”.

"De agora em diante, seus descendentes, os judeus, vão fazer a circuncisão nos seus filhos quando seus filhos tiverem oito dias”.

Qual é a diferença entre o preceito da circuncisão e os outros preceitos?

Outros preceitos, tais como tsitsit ou tefilin, são cumpridos em determinadas ocasiões. Mas o preceito de circuncisão permanece com a pessoa dia e noite e por toda a vida; nunca pode renunciar a ela.

Deus anunciou a Abrão, "Você não será mais chamado de Abrão mas sim, Abraão. Abraão quer dizer que você é o pai de Aram, o lugar onde nasceu. Agora Eu o transformo em Abraão, que quer dizer o pai de muitas nações.

"O nome de Sarai também será mudado. De agora em diante ela será chamada Sara, que significa rainha sobre o mundo todo. Assim como você é um rei sobre o mundo, assim ela é uma rainha sobre o mundo. Apesar dela ser muito idosa para conceber, dará a luz um filho quando tiver o seu novo nome, Sara".

Abraão irrompeu num riso de felicidade quando ouviu as boas notícias.

Deus falou para Abraão, "Chamará seu filho de Isaac porque você riu e se alegrou. Todos também rirão e se alegrarão com o seu nascimento”.

Abraão não demorou em cumprir o preceito. No mesmo dia em que Deus falou com ele, fez a circuncisão nele mesmo. Nesse mesmo dia, também fez a circuncisão em Ismael e nos trezentos e dezoito membros da sua casa. Essa foi uma tarefa monumental para executar em um dia, Deus deu a Abraão forças para realizá-la.

Uma história: Como o pai de Rabi Judá Hanassi estava disposto a sacrificar sua vida pelo preceito da circuncisão

Certa vez o governo Romano decretou, "Nenhum pai judeu pode fazer a circuncisão em seu filho”.

Naquele tempo nasceu um menininho na Terra de Israel. Foi chamado Judá. Seu pai era um dos líderes do povo judeu.

O pai disse, "Deus nos ordenou a fazer o preceito da circuncisão. O cruel imperador romano nos ordenou o contrário. A quem hei de obedecer, a Deus ou ao imperador? Eu não desobedecerei à ordem de Deus por causa do imperador"!

Oito dias depois do nascimento do seu menino, o pai circuncidou-o secretamente.

Mas o segredo não foi guardado por todos. Algumas pessoas o passaram ao governador da cidade.

Ele chamou o pai de Judá e o repreendeu severamente, "Ouvi falar que você circuncidou seu filho. Como ousa desobedecer a ordem do imperador?"

O pai de Judá respondeu, "Faço o que Deus nos ordena"!

O governador disse, "Sei que você é um homem importante, um líder do povo judeu. Porém, nem mesmo você pode desobedecer ao imperador. Será castigado”.

"Qual será meu castigo?" - perguntou o pai de Judá.

"Essa decisão não compete a mim", respondeu o governador. “Viajarei até o imperador em Roma e lhe comunicarei seu comportamento. Você, sua mulher e seu filhinho também deverão ir para serem julgados”.

Com os corações pesados os pais de Judá se puseram a caminho com o bebê. Eles rezaram a Deus para que o imperador poupasse suas vidas.

Na noite antes de chegarem a Roma, alojaram-se numa hospedaria não judia. A mulher do hospedeiro acabara de dar a luz. Ela iniciou uma conversa com a mãe de Judá.

"Porque você não está feliz com o seu novo bebê?" - perguntou-lhe ela. "Vejo que suspira e tem o semblante triste o tempo todo!"

"Temos muito medo", explicou a mãe de Judá. "O imperador pode nos matar porque circuncidamos nosso bebê apesar de sua proibição”.

A mulher do hospedeiro era uma mulher muito boa. Fez um sinal para a mãe de Judá acompanhá-la até um aposento onde ninguém podia ouvi-las. Lá ela sussurrou para ela, "Vamos trocar os bebês. Pode mostrar o meu para o imperador. O meu bebê não é circuncidado”. A mãe de Judá concordou e levou o bebê não judeu para o palácio. Quando o bebê ficou com fome no caminho, a mãe de Judá o amamentou.

O governador estava no palácio do imperador. Ele explicou ao imperador, "Aqui está o judeu que desobedeceu tuas ordens, Majestade! Circuncidou seu filho". O imperador ficou furioso. "Entregue a criança aos meus servos", ordenou. O bebê foi examinado, porém para a grande surpresa de todos, não tinha circuncisão! O governador que havia acusado os pais de Judá quase desmaiou.

"Juro que este menino estava circuncidado, Majestade!", exclamou. "Deve ser um milagre. O Deus dos judeus faz milagres por eles quando rezam!" O imperador estava muito irado com o governador, que o havia exposto ao ridículo perante toda corte. "Cortarei sua cabeça por dizer mentiras!", gritou. "E em relação aos judeus, deixá-los-ei circuncidar seus filhos se assim desejam! Meu decreto está abolido”.

Cheios de gratidão a Deus, os pais de Judá saíram do palácio.

Na hospedaria, trocaram os bebês com a esposa do hospedeiro. Esta disse à mãe de Judá: "Quero que nossos filhos sejam amigos quando crescerem, pois Deus realizou um milagre através do meu filho".

Quando cresceu, Judá se tornou o santo Rabi Judá Hanassi, presidente do Sinédrio (Corte Suprema), e compilador da Mishná.

E o filho do hospedeiro? Por ter sido alimentado com o leite da mãe de Rabi Judá, Deus lhe concedeu grandeza neste mundo e no mundo vindouro. Mais tarde, veio a ser o imperador romano Antônio, um bom amigo de Rabi Judá e protetor dos judeus.

Da mesma forma que o pai de Rabi Judá agiu, muitos judeus nas gerações posteriores arriscaram a vida para fazer circuncisão nos seus filhos.

Na época dos Asmoneus (dos Macabeus, quando ocorreu o milagre de Chanucá) os gregos proibiram o preceito da circuncisão. Matavam as mães cujos filhos eram circuncidados. Mesmo assim, muitos pais judeus continuaram a circuncidar seus filhos. Nos tempos atuais, a circuncisão era proibida na União Soviética, e realizada secretamente. O povo judeu esteve e está sempre disposto a arriscar a vida para cumprir os preceitos de Deus.

 

Perguntas ajudam no entendimento:

Quem são as pessoas que aparecem no texto proposto? Por quê?

Quais outras perguntas posso fazer a partir da “porção” da Palavra de Deus oferecida? Quais são as minhas respostas diante do texto? (a partir desta parashá aconselhamos a fazer sempre essas e outras perguntas a partir do texto bíblico)

 

Correspondência Bíblica:

A Criação:

Gn 15,1: “Depois desses acontecimentos, o SENHOR falou a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão! Eu sou teu escudo protetor; tua recompensa será muito grande”.

Nm 24,11: “Já que é assim, vai-te embora para tua casa! Eu pretendia recompensar-te bem, mas o SENHOR privou-te da recompensa”.

Dt 32,35: “A Mim pertence a vingança e a recompensa, no tempo em que seus pés resvalarem. Pois o dia da ruína se aproxima, e já está perto o que os espera”.

Rt 2,12: “Que o SENHOR te pague pelo que fizeste, que seja integral a recompensa que hás de receber do SENHOR, sob cujas asas vieste a te abrigar”.

34,11: “Ele retribui a cada um segundo a sua obra e de acordo com os caminhos de cada um Ele recompensa”.

Sl 58,12: “Dirão: Sim, existe recompensa para o justo; existe um Deus que governa a terra!”.

Pr 13,13: “Quem despreza a palavra, se condena, quem respeita o preceito, recebe a recompensa”.

Sb 5,15: “Os justos, ao contrário, viverão eternamente: no SENHOR está sua recompensa e por eles vela o Altíssimo”.

Is 61,8: “Pois Eu sou o SENHOR, que gosto do direito e detesto o roubo e a injustiça, e dou-lhes a recompensa com toda fidelidade, faço com eles uma Aliança eterna”.

Jr 51,56: “Sim, chegou a destruição à Babilônia, os guerreiros foram presos, os arcos, quebrados, porque o SENHOR é o Deus da recompensa, faz cada qual pagar bem pago”.

Mt 5,12: “Alegrai-vos e exultai, porque grande é a vossa recompensa nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de vós”.

Mc 9,41: “Quem vos der um copo de água para beber porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa”.

Lc 6,35: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem e prestai ajuda sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande. Sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bondoso também para com os ingratos e maus”.

Lc 14,14: “Então, serás feliz, pois estes não têm como te retribuir! Receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.

Cl 3,24: “sabendo que é o SENHOR que vos recompensará, fazendo-vos seus herdeiros. Ao Cristo e Senhor é que estais servindo”.

2Ts 1,7: “e que vós, os atribulados, recebais como recompensa o descanso conosco. Isto vai acontecer, quando se revelar o Senhor Jesus vindo do céu com os anjos do seu poder”.

Hb 11,6: “Ora, sem a fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima deve crer que Ele existe e recompensa os que o procuram”.

2Pd 2,15: “Deixaram o caminho reto, para se transviarem pelo caminho de Balaão de Bosor, que se deixou levar por uma recompensa iníqua”.

2Jo 1,8: “Tomai cuidado, se não quereis perder o fruto do vosso trabalho, mas sim, receber a plena recompensa”.

Ap 22,12: “Eis que venho em breve, trazendo comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo as suas obras”.

3 – Lech Lecha – Seleções de Midrash a partir do texto bíblico: Bereshit (Gênesis) 12,1-17,27

 

Deus ordena a Abraão para viajar para Terra de Canaã

 

Enquanto Abraão e sua mulher Sara moraram em Harã, ensinaram aos outros sobre Deus. Abraão educou os homens, e Sara as mulheres, para acreditarem no único Deus que criou o Céu e a Terra.

Deus viu que não havia nenhum justo igual a Abraão. Por isso Ele decidiu fazer de Abraão o pai de uma nação sagrada, o povo de Israel.

Ele disse para Abraão, "Não é correto para você viver nesta terra ímpia, junto com seu pai e sua família que veneram ídolos. Saia daí e vá para a terra que Eu vou lhe mostrar”.

Por que Deus não contou a Abraão o nome da terra para a qual Ele queria que Abraão fosse - Canaã (que é um outro nome para a Terra de Israel)?

Deus estava testando Abraão. Será que ele ouviria Deus e iria para um lugar que nem sequer conhecia?

Deus também não queria que o pai de Abraão, Taré, fosse junto com ele.

Taré poderia estar interessado em se estabelecer na Terra de Israel junto com o filho. Mas como Abraão não sabia para onde estava se dirigindo, disse a seu pai: "Deus pode me ordenar viajar até o fim do mundo!". Quando Taré ouviu isso, preferiu ficar em Harã.

Abraão disse a sua mulher, Sara, "Não vamos nos atrasar nem um dia. Partiremos imediatamente”.

Abraão levou junto seu sobrinho Ló, irmão de Sara, que era órfão, e tinha sido criado por eles. Muitas das pessoas a quem Abraão e Sara tinham ensinado a acreditar em Deus também decidiram acompanhá-los em sua jornada. Deus enviou nuvens na frente de Abraão e sua família para lhes indicar o caminho pelo qual Ele queria que seguissem.

Abraão viaja de Canaã até o Egito

Pouco depois que Abraão, Sara e sua família chegaram a Canaã, a chuva parou de cair. As plantas deixaram de crescer. Logo não havia mais frutas, vegetais, nem grãos. As pessoas ficaram cada vez mais famintas. Deus provocou essa situação para submeter Abraão a um novo teste.

Será que ele agora iria se queixar: "Não é justo! Primeiro Deus me mandou para Canaã e agora não tenho nada para comer aqui!"?

Mas Abraão nunca se queixou. Estava convencido de que tudo que Deus faz tem uma boa razão.

Abraão disse para Sara, "Vamos para o Egito. O Egito possui muita comida. Mesmo que não chova, o rio Nilo irriga a terra". Mas alguma coisa estava incomodando Abraão. Ele disse, "Não me sinto bem em ir ao Egito. Geralmente, nós é que convidamos as pessoas para casa, e lhes oferecemos uma refeição. Quando querem nos agradecer explicamos que é Deus quem alimenta a todos. Assim transmitimos ensinamentos às pessoas. Mas o Egito é um país muito rico. As pessoas não necessitarão da nossa comida. Tenho medo de que não vamos poder ensinar a outros sobre Deus”. Contudo, Abraão não tinha outra escolha a não ser ir para o Egito.

Quando Abraão, Sara e Ló se aproximaram da fronteira do Egito, Abraão disse: "Os egípcios são pessoas perversas. Quando vêem uma mulher casada bonita, matam o marido e ficam com a mulher.

"Sara, por favor, diga a todos que você é minha irmã. Então não me matarão. Isso não é uma mentira, porque você é neta do meu pai e uma neta é considerada uma filha”.

Como precaução adicional, Abraão escondeu Sara numa caixa grande. Esperava que ela não fosse descoberta.

Mas os oficiais reais da alfândega abriram a caixa e acharam Sara. Mandaram a seguinte mensagem ao Rei Faraó. "Chegou aqui uma mulher bonita junto com o irmão”.

Faraó mandou seus soldados para trazer Sara para sua corte. Faraó disse para Sara: "Você tem que se tornar minha mulher”. Ao "irmão" de Sara, Abraão, Faraó deu muitos presentes para que ele concordasse que Faraó ficasse com Sara. Sara disse para Faraó, "Sou uma mulher casada! Você não pode me segurar no palácio. Devolva-me para Abraão”. Mas Faraó não lhe deu ouvidos.

Sara estava amedrontada e rezou a Deus para que a ajudasse. Deus mandou um anjo para cuidar de Sara e protegê-la. Cada vez que Sara ordenava ao anjo: "Golpeie Faraó", o anjo castigava Faraó.

Faraó foi atacado com dez pragas diferentes. Deus também puniu a família de Faraó com pragas. (Da mesma forma, Deus puniria mais tarde o Faraó que afligiu os israelitas com dez pragas.)

Faraó sofreu terrivelmente com as pragas. Percebeu, então que Sara era uma mulher muito justa e íntegra, que estava sob a proteção de Deus.

Enviou uma mensagem para Abraão: "É tudo culpa sua! Porque não me disseste que esta mulher é casada com você? Agora a pegue e deixe este país imediatamente, antes que outra pessoa tente fazer-lhe mal”.

Faraó estava tão assombrado pela grandeza de Abraão e Sara que mandou com eles, sua filha, a princesa Hagar, para servir Sara e aprender o seu modo de vida.

Faraó deu para Abraão e Sara presentes valiosos. Mandou também soldados para acompanhá-los de volta à fronteira do Egito.

Isso era inédito! Os egípcios mal podiam acreditar. O seu rei efetivamente havia libertado uma mulher que queria para si e não matou o marido! Isso nunca tinha acontecido antes. Agora todos compreenderam que Abraão era um grande justo e Sara uma mulher justa. Deus os protegeu. Ninguém, nem mesmo um rei podia fazer-lhes mal.

Deus fez com que todo esse episódio ocorresse para que Abraão e Sara ficassem famosos como amigos especiais de Deus.

A viagem de Abraão e Sara ao Egito também fez com que Hagar se unisse a eles.

Abraão se separa de Ló


Abraão era um homem muito rico porque Deus o abençoou. Tinha muitos bois e ovelhas, ouro e prata.

O sobrinho de Abraão, Ló, que viajou com ele, também tinha grandes riquezas, não porque fosse um justo, mas porque estava junto com o justo Abraão.

Então surgiu uma briga entre os pastores de Abraão e os pastores de Ló. Abraão costumava ordenar a seus pastores, "Nunca deixem meus animais entrar nos campos de outros. Se meus animais pastarem nesses campos, estarei roubando o pasto de outras pessoas. Mesmo que Deus tenha prometido que toda Terra de Canaã pertencerá um dia aos meus filhos, ainda não é minha”.

Os pastores de Abraão punham focinheiras nos animais cada vez que passavam diante dos campos que não lhe pertenciam. Ordenaram aos pastores de Ló que fizessem o mesmo. Mas estes não puseram focinheiras nos seus animais. Afirmavam, "Em breve, a terra vai pertencer a Ló, visto que Abraão não tem filho”. E assim eles permitiam que os animais de Ló comessem nos campos de outras pessoas. Os pastores de Abraão insistiam em argumentar com eles que estavam errados, e os pastores de Ló, por sua vez, os contradiziam.

Abraão disse a Ló, "Não é bom que briguemos. As pessoas vão dizer, 'Abraão e Ló são parentes e não vivem em paz’. Por isso é melhor nos separarmos. Você pode escolher se quer se estabelecer ao sul ou ao norte da terra. Se você for para o norte, irei para o sul, e se você for para o sul, irei para o norte. Não precisa se preocupar de que estarei muito longe para ajudar, se precisar de mim. Vou estar perto o suficiente para vir em seu auxílio”.

Ló decidiu se estabelecer na cidade de Sodoma. Sodoma e as quatro cidades vizinhas estavam localizadas às margens de rios; seu solo estava por isso bem irrigado. E havia ali ótimas terras de pasto para o gado de Ló.

A decisão de Ló foi um erro, porque os habitantes de Sodoma eram os piores de toda Terra de Canaã. Eram ladrões e assassinos. Naqueles tempos, o pior insulto que você podia fazer a alguém era chamá-lo de sodomita!

Ló cometeu dois erros:

  1. 1. Separou-se do justo Abraão.
  2. 2. Estabeleceu-se entre perversos.

Ló deixou de ver o mau caráter dos sodomitas porque esperava enriquecer em Sodoma. Mas no final ele saiu arruinado, como veremos na próxima porção da Torah.

O que podemos aprender de Ló?

Os Sábios de Israel nos dizem: (Ética dos Pais 1:7) "Afaste-se de um mau vizinho e não se associe com um perverso". Somos aconselhados a nos unir a amigos que nos incentivam a ser bons e praticar o bem. E precisamos nos afastar daqueles que nos influenciam a agir erradamente.

Abraão vence uma guerra contra quatro reis


Era a época de Páscoa e Abraão estava ocupado assando pães. (Apesar da Torah ter sido dada só depois da época de Abraão, ele mantinha todos os preceitos da Torah). De repente ele viu um gigante aproximando-se de sua tenda.

Era Og, o único gigante que ainda estava vivo desde antes do dilúvio.

Og contou a Abraão: "Venho direto do campo de batalha. Deixe-me relatar o que aconteceu. O rei de Sodoma e outros quatro reis se revoltaram contra o poderoso Rei Codorlaomor, depois de o terem servido por doze anos. Codorlaomor chamou outros três reis para ajudá-lo na guerra contra os cinco reis rebeldes. Codorlaomor e seus três aliados ganharam a guerra. Capturaram todo o povo de Sodoma como prisioneiros e o seu sobrinho Ló se encontra entre eles. Em seguida, Codorlaomor e suas tropas marcharam para o norte”.

O gigante Og pensou, "Quero que Abraão tente salvar seu sobrinho Ló dos quatro reis. Os quatro reis certamente vão matar Abraão na batalha. Então pegarei para mim sua mulher, Sara”.

Abraão pensou, "Ló está em apuros. Vou preparar uma enorme soma de dinheiro. Talvez eu possa resgatá-lo. Se não, lutarei para libertá-lo”.

Abraão reuniu seus alunos e servos. Juntos eram trezentos e dezoito pessoas.

Ele anunciou, "Estou indo para ajudar Ló, que está em cativeiro. Quem não tem medo, que me siga”.

Abraão tinha três alunos que eram príncipes emoritas - Aner, Escol e Mambré. Eles se ofereceram, "Nós vamos proteger seus bens enquanto você está fora”.

Os quatro reis já tinham viajado para o norte, até a Síria, mas Deus milagrosamente encurtou o caminho para Abraão e seus homens.

O exército de Codorlaomor era imenso, milhares e milhares de soldados. Abraão não se atreveria a atacá-los, mas quando olhou para cima, viu a Shechiná (Presença da Divindade) e as Hostes Celestiais ao seu lado, pronto para ajudá-lo.

Com a ajuda de Deus, Abraão, seu servo Eliezer e o restante de seus homens, obtiveram uma vitória milagrosa sobre os quatro poderosos reis e seus exércitos.

Abraão libertou Ló e todos os prisioneiros.

Entre os reis inimigos a quem Abraão matou estava também Nimrod, que tinha jogado Abraão no forno.

Sem, também chamado Malki Tsêdec, dá as boas vindas a Abraão. Abraão se recusa a pegar qualquer objeto dos despojos da guerra

O filho de Noé, Sem, ainda vivia. Era um justo que sempre serviu a Deus. Ele se mudou para Jerusalém e lá, regularmente, oferecia sacrifícios a Deus.

Era conhecido como "Malki Tsêdec" (Melquisedeque), que quer dizer "rei justo" e também quer dizer "rei da cidade da justiça”.

Melquisedeque ficou sabendo a respeito da milagrosa vitória de Abraão sobre os quatro reis. E quando Abraão voltava da guerra e se aproximava de Jerusalém, Melquisedeque saiu para receber Abraão e louvar a Deus. Trazia consigo pão e vinho para alimentar os homens cansados e famintos.

O rei de Sodoma também saiu ao encontro de Abraão. Disse para Abraão, "Todo nosso dinheiro que você recuperou dos inimigos pertence a você. Por favor, devolva-me apenas os prisioneiros que você libertou!"

Abraão ergueu sua mão para Deus e exclamou, "Juro que não tocarei em nenhuma parte do despojo desta guerra! Deus prometeu me abençoar com riquezas e já cumpriu Sua promessa. Possuo muito gado, ouro e prata. Se eu pegar seu dinheiro, você pensará "Eu enriqueci Abraão”. Um décimo do dinheiro dei para Melquisedeque que é o sacerdote de Deus.

Outro décimo darei aos homens que me ajudaram e também para Aner, Escol e Mambré, que cuidaram dos meus pertences. Para mim não quero nada dos seus haveres, nem mesmo um fio ou cordão de sapato”.

 

O Midrash explica: Deus recompensa Abraão

Deus disse, "Abraão, todos os despojos da guerra na verdade pertenciam a você. Mas você está satisfeito com o que já tem. Hei de recompensá-lo. Você disse, "Não quero nada nem um fio ou um cordão de sapato”. Como recompensa, darei aos seus descendentes o preceito de tsitsit (franja), que tem quatro [duplos] fios em cada canto. Por suas palavras, "Nem um cordão de sapato", vou recompensá-los com o preceito de chalitsá, pela qual a mulher tem que abrir o cordão do sapato do seu cunhado”.

Vemos que Abraão não perdeu nada quando recusou o dinheiro que o rei de Sodoma lhe ofereceu. Deus recompensou seus descendentes com dois preceitos. Além disso, mais tarde, Deus conferiu a Abraão grandes bênçãos.

Deus promete a Abraão descendentes tão numerosos quanto as estrelas


Depois de ganhar a guerra contra os quatro reis, Abraão estava preocupado, "Talvez os amigos desses poderosos reis vão se unir contra mim e me atacar".

Mas Deus lhe assegurou, "Abraão, mesmo que todos seus inimigos se unam contra você, Eu irei protegê-lo”.

Abraão também se preocupou pelo seguinte, "Talvez já tenha usado toda a recompensa que me estava reservada para o mundo vindouro, porque Deus realizou para mim milagres tão grandes”.

Deus lhe assegurou, "Ainda tens uma grande recompensa no mundo futuro”.

Abraão então rezou, "Deus, foste tão bondoso em fazer milagres para mim durante a guerra. Sei que me reservaste ainda mais bênçãos. Mas, para que me servem? Não tenho um filho que possa continuar a ensinar as pessoas sobre Ti depois que eu morrer. Em vez disso, meu servo Eliezer ficará como líder”.

"Não temas", Deus consolou a Abraão. "Terás um filho”.

Deus conduziu Abraão para fora da tenda.

"Olhe para o firmamento," ordenou Ele.

Abraão viu uma grande estrela brilhar no firmamento.

"Esta estrela representa você," disse-lhe Deus. "Você é como uma grande estrela que ilumina o mundo. Agora olhe de novo!"

Abraão viu duas estrelas. "Estas duas estrelas são você e seu filho," disse-lhe Deus.

Então Abraão viu aparecer três estrelas. "Elas representam você, seu filho e seu neto," disse Deus.

Quando Abraão olhou de novo para o firmamento, havia lá doze estrelas.

"Haverá doze tribos," explicou-lhe Deus.

De repente havia setenta estrelas. "Você terá setenta descendentes indo para o Egito," predisse Deus. Logo, todo o firmamento se cobriu de estrelas de um extremo ao outro.

"Tão numerosos serão os seus descendentes!" Prometeu Deus para Abraão. "Serão demais para poder contar”.

Deus promete a Abraão que seus filhos herdarão Canaã

Deus também prometeu a Abraão, "Seus filhos herdarão a Terra de Canaã (Terra de Israel)!"

"Por favor Deus," pediu Abraão, "Dê-me um sinal de que isto se concretizará realmente".

Deus respondeu, "Farei um acordo contigo como sinal”.

Naqueles tempos as pessoas selavam um pacto, cortando animais em pedaços e andando entre eles. (Esse era uma maneira de dizer, "Se eu não cumprir a minha parte do acordo, mereço ser cortado em pedaços como estes animais”.)

Deus ordenou a Abraão, "Pegue três bezerros, três cabras, três carneiros, um pombo e uma pomba”. Abraão assim o fez. Então ele cortou os animais em dois, exceto os pássaros que Deus lhe disse para não cortar.

Abraão arrumou os pedaços em duas filas. Quando eles foram estendidos, poderosas aves de rapina se precipitaram do céu para baixo para devorá-los.

Abraão os enxotou.

Esse foi um sinal: No futuro, os idólatras - que são comparados a aves de rapina - tentarão destruir os descendentes de Abraão, o povo judeu. Mas Deus salvará os judeus pelo mérito de seu antepassado Abraão.

Então Deus fez Abraão cair num sono profundo e lhe mandou um sonho profético.

Abraão sentiu um grande temor e uma escuridão o envolveu. Isso era um sinal de que os seus descendentes, os judeus, passariam por dificuldades.

Deus predisse a Abraão, "Saiba que os seus descendentes não virão para Terra de Israel imediatamente. Primeiro, vou exilá-los em terras estranhas por muitos anos. Tornar-se-ão escravos [no Egito] e serão afligidos. Então, castigarei aqueles que os oprimiram [Deus aludiu às muitas pragas que mandaria contra o Egito], e os judeus partirão com uma grande fortuna. Finalmente, voltarão a Canaã. Expulsarão de Canaã as nações que ali viviam e herdarão a terra”.

Enquanto Abraão sonhava tudo isso, o sol se pôs. Deus fez descer uma espessa escuridão. Abraão viu um forno fumegante e uma chama ardente passar entre os pedaços dos animais. O forno fumegante e a chama ardente eram os mensageiros de Deus.

Quando eles passaram entre os pedaços era como se Deus, Ele Mesmo, estivesse andando entre eles e, desta maneira, selava um acordo com Abraão.

O forno fumegante também era um sinal de que todas as nações que fossem afligir os judeus seriam atiradas por Deus em um forno ardente no Guehinom (inferno).

Assim, Deus fez um pacto com Abraão prometendo-lhe que seus filhos herdariam a Terra de Israel. Esse acordo é conhecido como o Acordo entre os Pedaços (dos animais).

Abraão casa com Hagar que dá à luz Ismael

 

Sara não teve filhos em todos os anos do seu casamento com Abraão. Ela disse, então, para Abraão, "Case com minha criada Hagar. Talvez Deus tenha piedade de mim porque deixei você casar com outra mulher, e então Ele me dará um filho”.

Hagar não foi sempre uma serva. Ela era, na verdade, uma princesa egípcia. Mas quando seu pai Faraó viu os grandes milagres que Deus realizou para Abraão e Sara, disse: "É melhor para minha filha ser uma serva desses grandes justos que ser princesa no Egito”.

Quando Hagar servia a Sara, esta lhe ensinou como servir a Deus.

Abraão sabia que Sara falou com inspiração Divina. Respondeu-lhe, "Vou te ouvir e casar com Hagar”.

Depois que Hagar casou com Abraão e esperava um filho dele, ficou orgulhosa. Quando Hagar falava com os outros, insultava Sara zombando dela, "Sara não é na realidade uma mulher justa! Se assim fosse, porque Deus não lhe deu filhos?"

Sara puniu Hagar por palavras tão arrogantes. Fez Hagar trabalhar pesado.

Por isso Hagar fugiu para longe de Sara, em direção ao deserto. Mas Deus mandou um anjo para ordenar a Hagar, "Volte para Sara e a obedeça! Deus ouviu que você está infeliz e vai lhe dar um filho. Chame-o Ismael. Ele vai ser um homem selvagem que viverá no deserto, e será o pai de uma grande nação”.

Hagar agradeceu a Deus, "Abençoado Sejas, Deus, que viu minha desventura”. E voltou para a tenda de Abraão. Ela deu à luz um filho, a quem Abraão chamou Ismael. Ele se tornou o antepassado de todas as nações árabes.

Deus ordena Abraão sobre a circuncisão


Quando Abrão tinha noventa e nove anos, Deus lhe disse, "Abrão, Eu quero que você tenha uma circuncisão, isso vai ser um sinal no seu corpo de que você Me serve”.

"De agora em diante, seus descendentes, os judeus, vão fazer a circuncisão nos seus filhos quando seus filhos tiverem oito dias”.

Qual é a diferença entre o preceito da circuncisão e os outros preceitos?

Outros preceitos, tais como tsitsit ou tefilin, são cumpridos em determinadas ocasiões. Mas o preceito de circuncisão permanece com a pessoa dia e noite e por toda a vida; nunca pode renunciar a ela.

Deus anunciou a Abrão, "Você não será mais chamado de Abrão mas sim, Abraão. Abraão quer dizer que você é o pai de Aram, o lugar onde nasceu. Agora Eu o transformo em Abraão, que quer dizer o pai de muitas nações.

"O nome de Sarai também será mudado. De agora em diante ela será chamada Sara, que significa rainha sobre o mundo todo. Assim como você é um rei sobre o mundo, assim ela é uma rainha sobre o mundo. Apesar dela ser muito idosa para conceber, dará a luz um filho quando tiver o seu novo nome, Sara".

Abraão irrompeu num riso de felicidade quando ouviu as boas notícias.

Deus falou para Abraão, "Chamará seu filho de Isaac porque você riu e se alegrou. Todos também rirão e se alegrarão com o seu nascimento”.

Abraão não demorou em cumprir o preceito. No mesmo dia em que Deus falou com ele, fez a circuncisão nele mesmo. Nesse mesmo dia, também fez a circuncisão em Ismael e nos trezentos e dezoito membros da sua casa. Essa foi uma tarefa monumental para executar em um dia, Deus deu a Abraão forças para realizá-la.

Uma história: Como o pai de Rabi Judá Hanassi estava disposto a sacrificar sua vida pelo preceito da circuncisão

Certa vez o governo Romano decretou, "Nenhum pai judeu pode fazer a circuncisão em seu filho”.

Naquele tempo nasceu um menininho na Terra de Israel. Foi chamado Judá. Seu pai era um dos líderes do povo judeu.

O pai disse, "Deus nos ordenou a fazer o preceito da circuncisão. O cruel imperador romano nos ordenou o contrário. A quem hei de obedecer, a Deus ou ao imperador? Eu não desobedecerei à ordem de Deus por causa do imperador"!

Oito dias depois do nascimento do seu menino, o pai circuncidou-o secretamente.

Mas o segredo não foi guardado por todos. Algumas pessoas o passaram ao governador da cidade.

Ele chamou o pai de Judá e o repreendeu severamente, "Ouvi falar que você circuncidou seu filho. Como ousa desobedecer a ordem do imperador?"

O pai de Judá respondeu, "Faço o que Deus nos ordena"!

O governador disse, "Sei que você é um homem importante, um líder do povo judeu. Porém, nem mesmo você pode desobedecer ao imperador. Será castigado”.

"Qual será meu castigo?" - perguntou o pai de Judá.

"Essa decisão não compete a mim", respondeu o governador. “Viajarei até o imperador em Roma e lhe comunicarei seu comportamento. Você, sua mulher e seu filhinho também deverão ir para serem julgados”.

Com os corações pesados os pais de Judá se puseram a caminho com o bebê. Eles rezaram a Deus para que o imperador poupasse suas vidas.

Na noite antes de chegarem a Roma, alojaram-se numa hospedaria não judia. A mulher do hospedeiro acabara de dar a luz. Ela iniciou uma conversa com a mãe de Judá.

"Porque você não está feliz com o seu novo bebê?" - perguntou-lhe ela. "Vejo que suspira e tem o semblante triste o tempo todo!"

"Temos muito medo", explicou a mãe de Judá. "O imperador pode nos matar porque circuncidamos nosso bebê apesar de sua proibição”.

A mulher do hospedeiro era uma mulher muito boa. Fez um sinal para a mãe de Judá acompanhá-la até um aposento onde ninguém podia ouvi-las. Lá ela sussurrou para ela, "Vamos trocar os bebês. Pode mostrar o meu para o imperador. O meu bebê não é circuncidado”. A mãe de Judá concordou e levou o bebê não judeu para o palácio. Quando o bebê ficou com fome no caminho, a mãe de Judá o amamentou.

O governador estava no palácio do imperador. Ele explicou ao imperador, "Aqui está o judeu que desobedeceu tuas ordens, Majestade! Circuncidou seu filho". O imperador ficou furioso. "Entregue a criança aos meus servos", ordenou. O bebê foi examinado, porém para a grande surpresa de todos, não tinha circuncisão! O governador que havia acusado os pais de Judá quase desmaiou.

"Juro que este menino estava circuncidado, Majestade!", exclamou. "Deve ser um milagre. O Deus dos judeus faz milagres por eles quando rezam!" O imperador estava muito irado com o governador, que o havia exposto ao ridículo perante toda corte. "Cortarei sua cabeça por dizer mentiras!", gritou. "E em relação aos judeus, deixá-los-ei circuncidar seus filhos se assim desejam! Meu decreto está abolido”.

Cheios de gratidão a Deus, os pais de Judá saíram do palácio.

Na hospedaria, trocaram os bebês com a esposa do hospedeiro. Esta disse à mãe de Judá: "Quero que nossos filhos sejam amigos quando crescerem, pois Deus realizou um milagre através do meu filho".

Quando cresceu, Judá se tornou o santo Rabi Judá Hanassi, presidente do Sinédrio (Corte Suprema), e compilador da Mishná.

E o filho do hospedeiro? Por ter sido alimentado com o leite da mãe de Rabi Judá, Deus lhe concedeu grandeza neste mundo e no mundo vindouro. Mais tarde, veio a ser o imperador romano Antônio, um bom amigo de Rabi Judá e protetor dos judeus.

Da mesma forma que o pai de Rabi Judá agiu, muitos judeus nas gerações posteriores arriscaram a vida para fazer circuncisão nos seus filhos.

Na época dos Asmoneus (dos Macabeus, quando ocorreu o milagre de Chanucá) os gregos proibiram o preceito da circuncisão. Matavam as mães cujos filhos eram circuncidados. Mesmo assim, muitos pais judeus continuaram a circuncidar seus filhos. Nos tempos atuais, a circuncisão era proibida na União Soviética, e realizada secretamente. O povo judeu esteve e está sempre disposto a arriscar a vida para cumprir os preceitos de Deus.

 

Perguntas ajudam no entendimento:

Quem são as pessoas que aparecem no texto proposto? Por quê?

Quais outras perguntas posso fazer a partir da “porção” da Palavra de Deus oferecida? Quais são as minhas respostas diante do texto? (a partir desta parashá aconselhamos a fazer sempre essas e outras perguntas a partir do texto bíblico)

 

Correspondência Bíblica:

A Criação:

Gn 15,1: “Depois desses acontecimentos, o SENHOR falou a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão! Eu sou teu escudo protetor; tua recompensa será muito grande”.

Nm 24,11: “Já que é assim, vai-te embora para tua casa! Eu pretendia recompensar-te bem, mas o SENHOR privou-te da recompensa”.

Dt 32,35: “A Mim pertence a vingança e a recompensa, no tempo em que seus pés resvalarem. Pois o dia da ruína se aproxima, e já está perto o que os espera”.

Rt 2,12: “Que o SENHOR te pague pelo que fizeste, que seja integral a recompensa que hás de receber do SENHOR, sob cujas asas vieste a te abrigar”.

Jó 34,11: “Ele retribui a cada um segundo a sua obra e de acordo com os caminhos de cada um Ele recompensa”.

Sl 58,12: “Dirão: Sim, existe recompensa para o justo; existe um Deus que governa a terra!”.

Pr 13,13: “Quem despreza a palavra, se condena, quem respeita o preceito, recebe a recompensa”.

Sb 5,15: “Os justos, ao contrário, viverão eternamente: no SENHOR está sua recompensa e por eles vela o Altíssimo”.

Is 61,8: “Pois Eu sou o SENHOR, que gosto do direito e detesto o roubo e a injustiça, e dou-lhes a recompensa com toda fidelidade, faço com eles uma Aliança eterna”.

Jr 51,56: “Sim, chegou a destruição à Babilônia, os guerreiros foram presos, os arcos, quebrados, porque o SENHOR é o Deus da recompensa, faz cada qual pagar bem pago”.

 

Mt 5,12: “Alegrai-vos e exultai, porque grande é a vossa recompensa nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de vós”.

Mc 9,41: “Quem vos der um copo de água para beber porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa”.

Lc 6,35: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem e prestai ajuda sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande. Sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bondoso também para com os ingratos e maus”.

Lc 14,14: “Então, serás feliz, pois estes não têm como te retribuir! Receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.

Cl 3,24: “sabendo que é o SENHOR que vos recompensará, fazendo-vos seus herdeiros. Ao Cristo e Senhor é que estais servindo”.

2Ts 1,7: “e que vós, os atribulados, recebais como recompensa o descanso conosco. Isto vai acontecer, quando se revelar o Senhor Jesus vindo do céu com os anjos do seu poder”.

Hb 11,6: “Ora, sem a fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima deve crer que Ele existe e recompensa os que o procuram”.

2Pd 2,15: “Deixaram o caminho reto, para se transviarem pelo caminho de Balaão de Bosor, que se deixou levar por uma recompensa iníqua”.

2Jo 1,8: “Tomai cuidado, se não quereis perder o fruto do vosso trabalho, mas sim, receber a plena recompensa”.

Ap 22,12: “Eis que venho em breve, trazendo comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo as suas obras”.