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12 – O Reino de Judá

Contrariamente à agitação política do Reino de Efraim, o Reino de Judá foi longamente caracterizado por uma calmaria política. Depois da morte de Roboão, Assa (913-873 a.C.) e seguido de Josafá (873-849) mantiveram solidamente o culto do Templo de Jerusalém. Mesmo ocorrendo por algumas famílias influenciadas pelos cananeus, sacrifícios nos lugares altos ao deus Baal, em sua grande maioria o povo permaneceu fiel a Deus.

Entre as grandes reformas desses dois soberanos, é importante ressaltar a separação entre o poder político e o poder religioso. E outra ação foi educativa, que consistiu no desenvolvimento de redes escolares para espalhar a Lei de Deus no coração da população. Mas apesar do fervor religioso, Josafá casou seu filho Jorão com Atalia, a filha de Acab. Essa união teve desastrosas consequências para a vida espiritual do Reino de Judá. Imitando a conduta tirânica da sua mãe Jezabel, principal adversária do profeta Elias[1], Atalia e seus sacerdotes reintroduziram o culto a Baal em toda o reino. Tendo convertido o marido ela assassina o resto da família real e proclama sua religião, como a religião do Estado. Todo o trabalho de Josafá foi em poucos anos reduzido a nada.

De todos esses complôs e lutas, após o massacre real somente Joás, pequeno sobrinho de Jorão, foi poupado. Escondido durante seis anos no Templo, foi proclamado rei aos nove anos pelo Sumo Sacerdote Joiada, que consegue executar Atalia e reintroduzir o culto antigo de Israel. Mas após a sua morte volta o culto a Baal apoiado pelo próprio rei Joás influenciado pela nobreza. Desgostosos pela covardia de Joás, este é assassinado por aqueles que eram fieis a Joiada.

Após o assassinato novo período de calma política até o Reinado de Ozias (783-742 a. C) e de seu filho Joatão (742-735). Com Acaz (735-727 a.C.), filho de Joatão, isso mudou por causa da poderosa Assiria que começou a influenciar a vida política interior do Reino de Judá. Por um lado, os Reinos de Israel e da Síria fizeram pressão sobre Acaz para fazer aliança contra a Assíria. Como Judá resistiu, eles invadiram o Reino do Sul, até ao ponto de ameaçar Jerusalém. Apesar da intervenção do profeta Isaías que defendia a tese da neutralidade e que anunciava o fim próximo de Damasco e da Assíria, Acaz preferiu apelar ao rei assírio que em troca pediu a submissão de Judá. Impostos altos e a oficialização do culto de Baal no Templo. O sacrifício humano foi reintroduzido e Acaz mesmo chegou a atirar nas chamas seu próprio filho ao deus Moloq, deixando para o segundo filho o trono como herança.

Mas contrariamente do seu pai, Ezequias foi um rei fiel ao Deus de Israel. Destruiu os lugares de culto aos ídolos e desenvolveu uma política educativa intensa, como o rei Josafá em seu tempo. Os profetas Isaías e Miquéias foram seus conselheiros ativos, e pediam constantemente ao rei e ao povo para permanecerem fiéis à Torah, a praticar a justiça, a desconfiarem do luxo e da imitação dos outros povos pagãos, pois eles temiam o retorno ao culto de Baal, de forma nua e crua.

Manassés (696-641 a.C.) sucedeu a seu pai Ezequias. Era inconstante moralmente e facilmente influenciável, e opta pela adoração dos astros e os sacrifícios das crianças. Ele reforçou os privilégios dos ricos sobre as classes mais pobres. Apesar disso tudo ele dizia que tinha respeito ao Deus de Israel e que permanecia fiel à mensagem de Davi. Isso comprovava que a idolatria era, antes de mais nada uma perversão do coração antes de ser um ritual de má conduta.
Após o curto reinado de Amon, filho de Manassés, que prolongou a heresia de seu pai, chegou o tempo de Josias. Beneficiando-se do declínio militar da Assíria, ele estendeu seu reino até às fronteiras do antigo Reino do Norte. Em torno de 620 a. C. Josias começa uma grande reforma religiosa que terminou numa Aliança solene com o Deus de Israel. Mas isso não significava que a idolatria e a superstição tivessem sumido dos corações.A maioria da população continuava a crer que os sacrifícios eram mais importantes que a prática da justiça, ou que a caixa da Arca da Aliança possuísse poderes mágicos para destruir os inimigos. Um profeta como Jeremias contribuiu muito com seus sermões para combater essas falsas idéias.

No plano internacional, a queda do Império Assírio (609 a.C.) gerou um violento conflito entre o Egito e a Babilônia, querendo substituir o lugar perdido dos Assírios. Josias recusa a neutralidade e se associa à Babilônia.[2] Morre em Meguido numa luta contra os exércitos do Egito. Tudo isso gerou um profundo desânimo moral entre os que viviam no Reino de Judá. Para eles Deus tinha sido injusto. Apesar dos argumentos contrários de Jeremias sobre a responsabilidade individual (Jer 36), nada se fez.

O filho de Josias, Joacaz, deixou todos os tipos de cultos (egípcios, assírios, cananeus) voltarem ao Reino de Judá. E Judá perdeu sua independência, passando à tutela de Necao, faraó do Egito. Este exila Joacaz no Egito e coloca em seu lugar Joaquim, o jovem irmão de Joacaz, no trono. Mas Nabucodonossor, à frente da Babilônia, coloca fim no sonho do Egito. Em 597 a.C. as tropas da Babilônia sitiaram Jerusalém e deportaram muitos de Judá, bem como Joaquim, seus filhos e boa parte da nobreza. Em seu lugar, Nabucodonossor colocou Sedecias, o tio de Joaquim, à frente do Reino. Sedecias irá escutar os conselhos do velho Jeremias sobre a neutralidade política e a confiança em Deus. Mas aconselhado por falsos profetas, Sedecias se revolta, e em troca Nabucodonossor destrói Jerusalém, deixando o Templo de Salomão em chamas. Era o dia 09 do mês Av em 586. Após o assassinato de Guedalia, que Nabudonossor tinha colocado como governador, ocorreu uma deportação em massa da população de Judá, pouquíssimas famílias permaneceram. Assim terminou o período antigo dos Hebreus. Essa queda não provocou o desaparecimento total de Israel, como ocorreu com o Reino do Norte, de Efraim. Mas o exílio foi o local da transformação. Privados das paisagens da Judéia, sujeitados ao terror dos babilônios, os Judaítas ou Judeus (é assim que é preciso lhes chamar agora), foram capazes de se organizar e redescobriram a fé de seus antepassados. O judaísmo tinha nascido.