39 – A Revolução Francesa e os Judeus

A REVOLUCAO FRANCESA

Após a Revolução de 1789 e a Emancipação de 1791, os judeus se espalharam sobre o território francês (especialmente na região de Bordeaux, na Alsácia, na Provença e em Paris) e se tornando franceses de confissão israelita (ou mosaica). Já na América do Norte havia sido feito o acordo em 1785 para que os judeus tivessem a cidadania americana, mas a França foi a primeira nação da Europa a cortar laços com o seu passado medieval. Os judeus já não eram mais vistos como estrangeiros ou pertencentes a uma nação em exílio, mas tanto quanto cidadãos do povo que os acolheu. Tal foi o sentido histórico do Israelitismo.

Em 1807 Napoleão reuniu uma assembléia de rabinos e de notáveis que ele batizou de "Grande Sinédrio" em memória daquele de Jerusalém, e pediu a essa instância religiosa de se pronunciar em relação às obrigações civis do Estado. O Sinédrio avançou, como tinha feito alguns séculos anteriores, na expressão do Talmud: "A lei do país é a minha lei". Para eles, o espaço público devia estar submetido à legislação do país, quanto às práticas de culto, elas permaneceriam na esfera privada. E isso deu origem aos Consistórios (1808-1809) que funcionam ainda hoje praticamente sob o mesmo modelo de Napoleão (Grande Rabino da França, Grandes Rabinos Regionais, Rabinos locais), e tinham e tem a função de gerar a vida religiosa das comunidades na França. Os judeus ficaram tão impressionados com esse gesto que por reconhecimento, os mais republicanos criaram em 1858 a Aliança Israelita Universal (AIU) que existe até hoje. Essa Aliança tem como tarefa espalhar o espírito da Revolução e da cultura francesa a todas as comunidades judaicas pelo mundo. A dinâmica da emancipação parecia agora irreversível.