96 – O Casamento
No livro do Gênesis encontramos como a relação entre homem e mulher acontece. Criando Eva para Adão, Deus indica que a monogamia é o ideal bíblico, mesmo sendo a poligamia praticada na Antiguidade. Deve a mulher ser interlocutora e não simples objeto de cobiça. Mas o diálogo não existiu no primeiro casal, e esteve ausente também em Noé. Será em Abraão que estabeleceu uma nova relação com Sarah, quando pela primeira vez uma palavra de um homem se dirige a sua mulher: "Eu sei que és uma mulher bonita" (Gn 12,11). Uma bela análise do Midrash destaca o desafio de viver juntos: "Se o casal tem mérito, a presença divina reside no meio dele, senão um fogo o devorará" (Rachi). O casal ideal para a tradição judaica é aquele de Isaac e Rebeca, casal monogâmico, pois está escrito: "E Isaac gracejava, fazia rir Rebeca sua mulher" (cf. Gn 26,8).
Na prática, após o noivado, a data do casamento é marcada nos doze meses seguintes. Segundo o Talmud o homem deveria se casar aos dezoito anos, idade que corresponderia à independência econômica. Um dossel de casamento na sinagoga abriga os jovens esposos, simbolizando a nova casa. Essa cerimônia na presença da comunidade e de duas testemunhas foi instituída pelos rabinos para garantir os importantes direitos da mulher, em caso de divórcio ou viuvez. Tudo na cerimônia relembra os deveres do esposo para com sua esposa: com a leitura da ketoubá ou o "contrato" de casamento, a fórmula: "Tu me consagraste por este anel segundo a lei de Moisés e de Israel" e a entrega do anel.
No fim da cerimônia, a recitação de sete bênçãos comparando Adão e Eva, como criadores da História, e a lembrança do Templo de Jerusalém. O casal é comparado como um altar consagrado ao Eterno Deus. A casa como veículo da Presença Divina (Shekiná), lembra ainda que a alegria não será completa até a reconstrução do terceiro Templo. E por isso o marido quebra um vidro após a recitação das bênçãos, que começa pela lembrança do jardim do Éden e termina mencionando Jerusalém, cidade da bênção e da paz.
