140 – O diálogo entre leigos e religiosos

O Diálogo entre Leigos e Religiosos

Queremos terminar com esse desafio, entre tantos outros ainda. Desse diálogo depende de fato o olhar colocado sobre a juventude, a mulher, as outras religiões ou o mundo secular. Na verdade uma premissa é importante: não existe a palavra "leigo" ou "religioso" em hebraico. Isto quer dizer que para o hebraico essa separação lhe é estranha. Então um rabino pode ser considerado "leigo" porque possui um saber tradicional, como um funcionário do Estado pode ser ao mesmo tempo "religioso". Na consciência hebraica, cada membro de Israel é chamado a guardar os preceitos que lhe são próprios, como "shomer mitsvot" (guardiões dos mandamentos).

Consideremos a questão fundamental a respeito disso o sionismo político, e portanto sobre a liberdade do povo judeu em assumir seu destino diante de Deus e diante dos outros povos.

Como fundamentar esse diálogo então? Primeiro considerar que existem aqueles que reivindicam uma situação histórica e outros que respondem por uma identidade religiosa ou espiritual. É preciso a meu ver que um dê um passo em direção ao outro e vice versa. Que o ortodoxo aceita a vontade de normalização do povo judeu como não blasfematório e que os não religiosos aceitem a Torah como realidade incontornável da identidade judaica. "A Torah não pode ser reduzida perpetuamente ao estudo da jurisprudência. Seu conteúdo espiritual, sua riqueza devem encontrar seu lugar próprio" (Abraham Isaac Hacohen Kook – 1865-1935).

A interpretação do Livro de Deus está sempre no coração do Judaísmo, pois ela está no próprio coração da sua sobrevivência. E mesmo que o judeu se revolte contra Deus, ele ainda está com Ele.